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quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

A Queda do Equilibrista

Em seus sonhos, o Equilibrista vislumbrou, de relance, um fato passado: voltando de uma busca quase bem-sucedida, quatro cavaleiros se depararam com um portão fechado. O Equilibrista, Pringl, J.W. e Andarilho estavam do lado de fora da morada do último... sem a chave. Houve apenas um momento de perplexidade, pois o Andarilho facilmente transpôs a muralha e as defesas de sua própria fortificação e abriu caminho para os demais. Então levaram seus espólios até a câmara de estase de baixa entalpia para baixar a temperatura dos fermentados áureos de cevada. J.W. não parava de reclamar da falta de água sólida, que o grupo falhara em adquirir.

Otome não tinha acompanhado o grupo na busca, pois estava com cefalgia e, devido à deveras prolongada ausência dos quatro cavaleiros, havia retirado-se para seus aposentos e estava dormindo. Furtividade e silêncio não foram muito bem utilizados, o que quebrou o estado de repouso de Otome. Para o espanto de todos, seu humor não estava tão ruim e o Andarilho ministrou uma dose de barbitúricos recém-adquiridos para aplacar a dor que Otome sentia.

Um dos itens conseguidos na demanda foi uma garrafa de destilado cirílico produzido em terras tupiniquins de baixíssimo valor agregado. Como limões e açúcar também constavam no inventário, resolveram fazer uma Diminuta Moradora da Zona Rural, mesmo sem gelo. O Equilibrista começou a preparação, mas J.W., ainda reclamando da falta do ingrediente de baixa temperatura, não parava de opinar quanto ao método de preparação da bebida. Então o Equilibrista, gentil e educadamente (ao contrário dos impropérios que inundavam sua mente naquele momento), convidou o exigente indivíduo a tomar o seu lugar. A Diminuta ficou pronta e foi servida a todos os presentes, e cada um teve uma opinião diferente quanto à falta de algum componente.

O Equilibrista era conhecido por sua habilidade em criar coquetéis etílicos com os mais variados ingredientes. Então, com limões, o destilado de baixo valor agregado e um preparado instantâneo edulcorado de baixo teor calórico sabor guaraná, produziu um veneno tão corrosivo e tóxico que poucos se atreveram a dar mais do que um gole.

Em alguma ocasião, Apelão chegou à morada. Ele sabia onde conseguir a água sólida, então partiu, na companhia de J.W. e Pringl.

Para não desperdiçar a bebida, o Equilibrista corajosamente terminou de beber sua poção cáustica. Quando o grupo voltou com gelo, o Equilibrista estava realmente Bêbado. Doses cavalares de bebidas etílicas não costumam afetar este exímio degustador, mas esta não era uma bebida comum. Nunca se soube o que acarretou a quebra da resistência a toxinas do Equilibrista - se foi o aspartame do guaraná ou o chumbo do destilado; mas o efeito era nítido: o torpor o dominava e suas sinapses estavam lentas. Então, seguiu-se outro fato inédito: o Sono do Equilibrista. Ninguém jamais havia presenciado este acontecimento. Muitos achavam que o Equilibrista não dormia. Mas seu sistema regenerativo estava consumindo muita energia, então, desta vez, Hypnos saiu vitorioso.

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