Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O mistério do bilhete postal

Aproveitando uma oportunidade única de economizar com as despesas de envio, o Equilibrista encomendou um conjunto de Cavaleiros de Bronze miniaturizados em sua versão recolorida e acomodados numa maleta; um item cujo valor do frete era superior ao da mercadoria, por mais absurdo que isso possa soar.

Havia poucas chances, mas o Equilibrista tinha esperança de os Servidores Aduaneiros cometerem um deslise e deixar o vultoso receptáculo chegar ao seu destino livre de tributos. Mas, dessa vez, a esperança de um tolo foi frustrada, uma vez que, acompanhando diariamente a situação do pacote, soube que este deixou a alfândega tributado.

Dias mais tarde, chegou ao reduto do Equilibrista, um bilhete anunciando que o tão desejado item encontrava-se disponível para ser retirado na agência postal. Mas não na agência costumeira. E o bilhete não continha nem o valor do tributo, nem o código de rastreamento. O aventureiro, que tem leves surtos paranóicos, desconfiou do tal bilhete postal e estabeleceu contato auditivo com a agência em questão. O próprio Equilibrista informou o código de rastreamento para localizar o embrulho mais rapidamente e a servidora encontrou seu real paradeiro: a agência postal de sempre. Intrigado, o Equilibrista estabeleceu contato com a outra agência e confirmou a presença do pacote e o valor (altíssimo, porém correto) do tributo.

No dia seguinte, o aventureiro foi buscar sua preciosa caixa e ficou surpreso com o volume da mesma. Era sabido que não se tratava de uma embalagem diminuta, mas não esperava que fosse tão exagerado. Não havia a menor possibilidade de não tributarem algo tão grande e cheio de metal. A servidora que cuidava do caso estava demorando mais do que de costume para concluir a entrega e foi quando ela perguntou se havia mais algo além daquela caixa, pois uma "Mala M" não é tributada e era estranho o bilhete postal indicar a agência errada. Foi então que o distraído bardo recordou-se de outra encomenda, que não deveria mesmo ser tributada, pois se tratava de um tomo.

Carregou a enorme caixa até sua guilda e, de lá entrou em contato novamente com a agência do bilhete. E confirmaram a presença de uma encomenda para o Equilibrista.

Como era um local desconhecido, o aventureiro pesquisou o trajeto e deixou avisado que provavelmente se atrasaria para retornar de seu período prandial. A agência foi localizada sem problemas e, sem nenhum acidente de percurso (a não ser um episódio na volta, no qual o indiferente aventureiro tornou-se ouvinte de uma prolixa senhora), o novo e inesperadamente adiantado item estava em posse do Equilibrista, que retornou à sua guilda a tempo de fazer uma rápida refeição.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mentiras telegráficas

Com tão pouco tempo que tem sobrado para esse indolente bardo afiar o Português, para não esquecê-lo de vez, a única solução foi continuar escrevendo, mas restringindo o uso da pena a apenas 140 caracteres.

Sua saga diária pode ser acompanhada nos pequenos retalhos anexados nos pés de um pássaro azul em: http://twitter.com/rixsakai, numa linguagem um pouco mais coloquial.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dias felizes

Desde o início da translação solar atual, o aventureiro semi-escravizado estava passando por sucessivos testes de paciência devido a mudanças no sistema tributário da federação e, também, a modificações no sistema de informação de sua guilda. Isso estava afetando ainda mais seu temperamento, outrora (há muitos e muitos anos...) dócil e gentil: o Equilibrista estava se tornando um ser de puro ódio e irritação.

Mas algo inesperado aconteceu: pelo capricho (e piedade) dos deuses, o então-violento bardo veio a conhecer o Imperador através de alguns interesses em comum. Graças a esse novo amigo educado e cortez como poucos, o Equilibrista adquiriu uma nova habilidade: a da concatenação de peças poliméricas para montagem de autômatos humanóides articulados. Não por acaso, o novo grande amigo do aventureiro possuía um entreposto comercial onde conjuntos dessas peças estavam disponíveis e foi lá que comprou seu primeiro (e até agora, único) autômato humanóide articulado. Também foi no entreposto que conheceu o Mártir, amigo e sócio do Imperador, aparentemente mais calado, mas com o mesmo refinamento e educação de seu amigo. E essas características de ambos chamaram muito a atenção do Equilibrista, que passou a admirá-los e tê-los como exemplo de indivíduos civilizados. Essa admiração logo tornou-se um vínculo de amizade, que se desenvolveu rapidamente entre eles. O que mais impressionava o Equilibrista era o efeito que seus novos amigos tinham sobre ele: era como se estivesse recuperando o controle sobre seu lado regido por Marte e suas energias estivessem sendo recarregadas - tal qual costuma acontecer quando reencontra velhos e queridos amigos ou passa alguma temporada em contato intensivo com a natureza. E era como se realmente tivesse reencontrado amigos queridos que há muito não via, pois sentia-se à vontade com eles - tão à vontade que desatinava a falar, no mundo real, com a mesma proporção em que escrevia no virtual, o que é extremamente raro de acontecer. Tão incomum quanto, é o desconfiado aventureiro depositar sua confiança tão intensa e rapidamente em alguém; e foi o que também aconteceu: o precavido Equilibrista emprestou-lhes, de uma só vez, três de seus itens mais preciosos! Um fato sem precedentes e que, provavelmente, não tornará a se repetir com outras pessoas. E essa inesperada amizade estava deixando o Equilibrista muito feliz.

Coincidência ou não, desde que "reencontrou" esses novos amigos, os antigos, de diversas fases ou facções, retornaram ao cotidiano do bardo: ocorreram várias reuniões com a Facção Filantrópica; jantou oden com Devil e Bowie numa fria noite de inverno; hospedou o estimado Toreador em seu reduto; serviu, novamente, seu Daikiri à Rainha Mestiça - e ainda inovou com a introdução do Cosmopolitan-; e, o que também estava contribuindo muito para a restauração do bom humor do Equilibrista: voltou a ver, com freqüência, seu grande amigo Urso Maior, uma das poucas pessoas de quem o bardo realmente sentia falta. E estes tão preciosos retornos estavam deixando o Equilibrista muito feliz.

Por mais que esse complexo bardo se ache racional e auto-suficiente, é graças aos seus queridos amigos que seu temperamento muitas vezes melhora. A simples presença ou palavras destes são capazes de tornar seu dia mais árduo numa agradável projeção altamente interativa: na noite anterior, o Equilibrista encotrou-se com o Imperador e com o Mártir para conversarem e jantarem juntos. A companhia dos dois foi, como sempre, agradabilíssima e o efeito de energização positiva prolongou-se durante todo o dia seguinte, o dia dedicado a Odin, o mais desgastante para o aventureiro, no qual tem que tomar conta da guilda sozinho. E, para melhorar ainda mais o dia, o Urso Maior fez uma visita surpresa ao já bem-humorado Equilibrista, que, mesmo esgotado fisicamente, conseguiu deixar a guilda e retornar ao seu reduto com um radiante sorriso estampado em seu rosto.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Paciência e Recompensas

Já faz mais de um ano que fui nomeado capataz de minha guilda, mas ainda não me acostumei com meu regime de semi-escravidão, tendo apenas um dia por fase lunar para descansar, além do horário deslocado, que praticamente inutiliza boa parte do meu dia.

E essa restrição de folga tem deixado pouco tempo para que eu possa ver meus amigos, afinal, mal tenho tempo para arrumar minha morada, assistir aos meus itens audio-visuais nipônicos e, por vezes, dormir. E, ultimamente, com a atualização tecnológica que vem sendo implantada na guilda, esse sagrado dia de descanso tem sido abreviado.

Com tão pouco tempo para descansar, não era de se estranhar que esse aventureiro estressado por natureza ficasse ainda mais tenso e intolerante (ao ponto de ter que chamar uma massoterapeuta para atendimento emergencial). Estava claro que uma válvula de escape precisava ser instalada. Minha nova paixão era um paliativo: comprar Vestimentas Mitológicas e montá-las era, apesar de fácil, uma boa forma de relaxar, mesmo doendo um pouco no bolso, afinal, o resultado estético e a satisfação de possuir itens tão belos compensavam. Mas ainda parecia faltar algo... um passatempo que demandasse um pouco mais de atenção e cuidado.

Coincidentemente ("Nesse mundo não há coincidências; há apenas o inevitável"), numa das minhas andanças pelo mundo virtual, conheci alguém que ofereceu uma oportunidade que há tempos eu esperava: uma aula introdutória para a arte de concatenação de fragmentos poliméricos. Não sei como, mas esse novo conhecido providencialmente viu em mim um colecionador em potencial. Então, aproveitando minha folga, decidi conhecê-lo, assim como seu entreposto comercial (vim a saber que ele, além de colecionador, era mercador de itens que se encaixavam nas minhas necessidades), mesmo tendo que recusar um convite de Daeva para degustar sua receita à base de feijão, pimenta e carne (que eu adoro).

Para a minha infelicidade, nesse mesmo dia estava acontecendo um evento que reunira milhões de seres estridentes e desvairados, que praticamente tornaram o sistema de trens subterrâneos intransitável. Mas como depois de decidir algo (o que leva bastante tempo...) costumo não voltar atrás, tomei uma rota mais longa: viajei no sentido contrário do fluxo dos seres incômodos, numerosos e irracionais até uma estação menos abarrotada (na verdade, praticamente deserta). Bem acomodado e relativamente isolado do tumulto, segui viagem até meu destino, que, felizmente, ficava depois da estação na qual aqueles indivíduos barulhentos desceriam. Fiz uma rápida parada para adquirir algumas vestimentas novas, uma vez que no caminho havia um Templo de Louvor ao Consumismo, mas não encontrei nada que me agradasse.

Cheguei, então ao estabelecimento do Imperador. Fiquei impressionado com tanta atenção e paciência que ele mostrou ao passar horas me explicando cada particularidade dos diferentes tipos de "quebra-cabeças", além dos personagens que representavam. A aula da arte de concatenação seria na semana seguinte, mas eu já havia recebido uma excelente introdução. Depois de estar completamente fascinado por esse novo universo
(acho que o Imperador tem 5 pontos em lábia e mais 7 em carisma), resolvi adquirir o modelo a ser utilizado na aula, para não correr o risco de ficar sem opções em cima da hora. Como todo bom equilibrista, fiquei em dúvida entre dois modelos. Segui, então a sugestão do anfitrião: um personagem negro como a noite e cheio de personalidade. Foi uma ótima escolha e fiquei bastante satisfeito com a aquisição. O único problema era segurar a ansiedade de ter que esperar a próxima fase lunar para concatenar as peças...

Muito feliz e mais leve, retornei à minha morada, praticamente ignorando todo o tumulto causado por aqueles rufiões incansáveis e descontrolados. E não estava satisfeito apenas por ter saciado o impulso consumista: sentia que a semente de uma nova amizade havia sido plantada.

domingo, 4 de maio de 2008

A nova paixão do Equilibrista

Certa vez, enquanto treinava sua paciência em um centro de comércio não-tão-lícito abarrotado (atualmente interditado pelos pretores federais), o Equilibrista se deparou com um item que o enfeitiçou instantaneamente:

Uma materialização em polímeros e metal de personagens de um seriado de animação nipônico que marcou sua... hã... infância(?). Imediatamente a vontade de possuir esse objeto tomou conta do bardo, que só recobrou o domínio de suas ações quando tornou-se ciente do valor a ser desembolsado para adquirir a mercadoria: R$120,00 (no ano cristão de 2005). Na época, o Equilibrista achou o valor abusivo e decidiu não comprá-lo.

Anos mais tarde, com o lançamento de uma continuação do seriado citado, o aventureiro lembrou-se da existência desses itens e decidiu que era chegada a hora de possuir alguns deles, apenas aqueles que achasse mais ricos em detalhes e ou que tivessem alguma relação mais direta com sua personalidade (serem do mesmo signo, por exemplo). Provavelmente a essa altura, o valor deveria ter baixado, pois não se tratavam mais de novidades.

Saiu, então à busca das Vestimentas Mitológicas. Suas primeiras tentativas não foram bem sucedidas: não encontrou seu signo em entreposto comercial algum. A aquisição dos itens foi, então, postergada pois mais alguns ciclos lunares.

Foi quando ficou sabendo da chegada de um novo item: seu ascendente, na versão espectral, cuja cor era uma de suas preferidas e, pelas ilustrações divulgadas, estava extremamente fiel à versão em duas dimensões animada, que reuniu forças (e recursos) e deu início ao seu novo vício. O pioneiro, o primeiro signo do zodíaco e também o ascendente do Equilibrista: Áries. Seu nome: Shion.

E como se tratava de um vício, o (cada vez mais) pobre Equilibrista não conseguia mais conter sua ansiedade, e o que era para ser uma singela aquisição de dois ou três (ou cinco) itens, tornou-se quase uma obsessão: mal podia esperar para completar toda a coleção!

Nesse mesmo ciclo lunar, vendo que outro personagem estava com o valor acessível, apossou-se (legalmente) dele. O segundo não fazia parte da lista inicial, mas era um espécime muito rico em detalhes e em significado. Foi assim que Saga de Gêmeos entrou no Reduto do Equilibrista.

O bardo estava contente com suas aquisições, mas ainda faltava "aquele" item. O que despertou o desejo primordialmente: seu signo. Nas duas primeiras buscas, não encontrou. Na terceira, foi informado de que o último exemplar havia sido vendido na fase lunar anterior; até que, na quarta vez, o encontrou. Perguntou, então, o valor: R$ 250,00!! O Equilibrista achou o preço abusivo mas, mesmo assim, desta vez, decidiu comprá-lo. Ainda que tenha desembolsado tamanho montante, o avarento aventureiro saiu satisfeito. Finalmente tinha em mãos o personagem do seu signo, tão rico em detalhes em tão belas e brilhantes peças. Finalmente possuía Dohko de Libra.





Um novo retorno

As aventuras do destemido e embriagado bardo voltarão a ser documentadas neste espaço virtual, mas com algumas modificações.

Recuperado do trauma da mudança de guilda e de sucessivas novas atribuições, o Equilibrista tornará a dividir com aqueles interessados em suas crônicas, os acontecimentos mais (e, às vezes, os menos) relevantes de seu cotidiano.

É de seu desejo que aproveitem essas histórias.

Até breve!

sábado, 13 de outubro de 2007

Minha Haythia

sábado, 7 de julho de 2007

Ansiedade em dobro

continuação de A euforia que precede a frustração

As novas chaves templárias ainda não haviam chegado, e o Equilibrista estava apreensivo por causa delas. Mas não eram apenas esses objetos retangulares que estavam sendo esperados pelo bardo: cobiçando o novo brinquedo da Tecnocrata, o otimista aventureiro cadastrou-se no sítio virtual de um provedor de serviços de interface auditiva móvel concorrente do seu atual, visando unicamente o desconto que seria concedido na "troca" de operadoras num aparelho novo.

No dia seguinte do que fez as solicitações templárias, o Equilibrista recebeu um chamado de um representante da operadora concorrente, que ofereceu um dispositivo inferior ao Aço Negro totalmente gratuito. Obviamente, o exigente bardo recusou a proposta e declarou que seu interesse era exclusivamente no modelo superior em resolução de captura de flagrantes. O representante tentou um outro modelo, de resolução igual à do Aço Negro, mas o Equilibrista estava indissoluto. Desejava, ou melhor, estava obsecado apenas pela evolução de seu dispositivo móvel de interfaces auditivas. Percebendo que suas tentativas de persuadir o teimoso aventureiro seriam inúteis, o representante informou que o modelo ao qual o novo-cliente-potencial aspirava não estava mais disponível para essa transação.

Então, calmamente, o frustrado Equilibrista agradeceu a atenção do pobre rapaz que perdeu a chance de avançar em suas metas e instruiu-o para contactá-lo novamente quando o aparelho estivesse disponível novamente. Mas por dentro, ele estava gritando, com vontade de jogar algo através da redoma de vidro que o escondia na torre de observação de sua nova guilda.

Em seu desespero, entrou em contato com a Tecnocrata, que não pareceu muito solidária, nem muito inclinada a vender seu dispositivo para o aflito bardo.

Mas nem tudo estava perdido: com a chegada do novo acumulador de dívidas, a aquisição do tão desejado aparelho seria iminente.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A euforia que precede a frustração

Naquele dia, o Equilibrista almoçou rapidamente. Tão rápido que voltaria cedo demais para sua guilda. Então decidiu resolver um problema que o atormentava de tempos em tempos: o circuito identificador de sua meia-chave templária nem sempre era lido pelos terminais de acesso, fazendo a troca de todo o conjunto necessária. Como havia um posto avançado templário nas proximidades, o tranqüilo bardo solicitou a troca.

A supervisora templária que o atendeu, sugeriu uma troca maior ainda: transferir a base das movimentações monetárias da cidade natal do Equilibrista para onde residia atualmente. Este ato faria a troca da meia-chave obrigatória e o tempo para a chegada da nova seria o mesmo, além de todas as vantagens que essa mudança poderia trazer (yada, yada, yada...). Apoveitando que uma potencial vítima, ou melhor cliente, mostrava-se interessado no que ela tinha para oferecer, a supervisora ainda notificou que havia um acumulador de dívidas de uma outra bandeira disponível, com limite de transações maior do que o atual, com anuidade com desconto e yada, yada, yada...

O Equilibrista, que já havia aprovado a troca da base de movimentações, aceitou o novo acumulador (já tinha planos para uma futura aquisição dessa nova ferramenta), mais pelo limite maior (falência à vista...) do que pela publicação mensal gratuita (por 6 meses) que receberia. E já que estavam falando de limite, o empolgado bardo aproveitou para pedir um aumento para seu acumulador atual. Acertou todos os detalhes que faltavam, autorizou as duas propostas eletronicamente (ah, as maravilhas da tecnologia... não era à toa que a caligrafia do bardo estava piorando tanto) e saiu todo feliz do posto avançado.

Nisso, todo o tempo livre se esgotou e a pausa prandial do Equilibrista avançou para o período laboral (felizmente seus superiores hierárquicos não se atêm a esses detalhes). Naquele dia, o bardo trabalhou com mais afinco, pois em poucas rotações de sua orbe em seu próprio eixo, receberia mais retângulos poliméricos que tanto corroem suas economias.
continua
(Saudade? Esses instantes de euforia não deixavam muito espaço para tais sentimentos)

terça-feira, 3 de julho de 2007

Desventura reprisada

O outro reencontro do fim de semana do Equilibrista foi com a END. Esse já havia sido marcado com alguma antecedência, meio a contragosto do bardo, que queria antecipar o encontro.

No dia marcado, o aventureiro passou várias horas em isolamento total, enquanto assistia a uma série interia de animações nipônicas. Essa série, realmente foi digna da anteção do Equilibrista, que teria se atrasado ao compromisso, caso tivesse mais episódios (o nome da série é Death Note).

Como na ocasião da convocação para a reunião havia uma certa indefinição quanto ao local (apenas a data havia sido fixada), o Equilibrista sugeriu uma taberna relativamente próxima à sua morada, pois era um ponto de encontro histório para o grupo: foi onde ocorreu o primeiro encontro físico de seus membros fundadores (dos quais, a Rainha Mestiça é a única remanescente).

O pontual Equilibrista resolveu que não queria chegar no horário determinado, uma vez que essa qualidade era cada vez mais rara e o bardo não queria ficar numa taberna sozinho, guardando vagas em uma mesa num lugar que, provavelmente, ficaria lotado. Então chegou pontualmente quinze minutos atrasado e, para sua surpresa, a Rainha Mestiça já estava no local. Felizmente, ela não estava sozinha (é muito enfadonho não ter ninguém para conversar enquanto se espera em uma taberna): a Invulnerável estava com ela. As duas indagaram ao bardo (depois de se cumprimentarem) se ele não estava sentindo um odor de carne em putrefação. No primeiro instante, seu olfato aguçado apenas detectava a fragrância de cevada fermentada, mas uma lufada de vento trouxe um cheiro desagradável, mas que foi esquecido no decorrer do encontro.

O Equilibrista notou que a Rainha Mestiça estava com um ar de profunda insatisfação e logo perguntou se ela estava naquele período de fúria assassina que as portadoras de duplo X férteis passam uma vez por mês. Então ela narrou sua triste desventura daquela tarde: havia sido vítima de um gatuno. Mudaram de assunto. Beberam. E mais dois membros chegaram: o Cartomante e Daeva (agora na versão morenos: Daeva cansou-se das madeixas douradas e deixou-as como breu e o Cartomante fez uso do restante da poção escurecedora).

A desventura da Rainha Mestiça foi narrada novamente. Mudaram de assunto. Beberam. Comeram. E um membro honorário chegou: a Espanhola (ainda loira). O Cartomante falou sobre sua viagem para a Terra do Sol Nascente e todos os percalços e desafios pelos quais passou. O grupo sentiu a falta de alguns membros: o Rabino Hippie (e sua companheira, Primavera) e o Leão Montanhês. Então a Rainha Mestiça tentou estabelecer uma interface auditiva com o primeiro e o Equilibrista, com o segundo. Apenas o bardo teve sucesso, mas no final, o Rabino Hippie compareceu e o Leão Montanhês, não.

Com a chegada do Rabino Hippie, de Primavera e de sua irmã, a sessão de viradas de tequilas começou. Então a Rainha Mestiça narrou sua desventura novamente. Mudaram de assunto. O Rabino Hippie pediu para o Cartomante contar sobre sua viagem à Terra do Sol Nascente (mas este cronista, que já não estava mais prestando muita atenção a todos os detalhes, não se lembra se o pedido foi atendido ou não). Beberam. A Invulnerável se retirou. Beberam. Beberam. Comeram. E a Rainha Mestiça já estava bem mais alegre e sorridente.

Interlúdio: num certo momento, o quando Equilibrista foi eliminar resíduos líquidos, este viu seu reflexo e constatou, em voz alta, que sua pele havia adquirido uma tonalidade avermelhada (o que era raro de acontecer). Então, um desconhecido que assemelhava-se ao fruto mais confundido com um legume, ensinou uma fórmula para evitar o rubor facial: um copo de azeite e um pouco de sal! Primeiro pensamento do Equilibrista: seguir essa receita significaria passar o dia seguinte sentado na poltrona de porcelana, pois além do desarranjo característico da cevada fermentada, ainda haveria o azeite para terminar de liberar o aparelho digestivo. Segundo pensamento do Equilibrista: por que, então, o sábio beberrão estaria tão vermelho? O bardo agradeceu, lavou as mãos e voltou para seus amigos. Fim do interlúdio.

No fim da noite, a Rainha Mestiça era a simpatia encarnada, toda sorrisos, tendo, aparentemente, se esquecido do revoltante acontecimento do dia anterior. Obviamente, era o efeito de companhias tão agradáveis, com um leve estímulo etílico. O Cartomante e Daeva conduziram-na à sua morada e voltaram logo em seguida. Então, os seis sobreviventes encerraram a noite de um modo que estava se tornando uma tradição: no estabelecimento especializado em pão prensado recheado com embutido vermelho (na outra ocasião, também era um sexteto - coincidência?).

Recontagem: foram sete os sobreviventes (Equilibrista, Daeva, Cartomante, Espanhola, Rabino Hippie, Primavera e a irmã da Primavera)



PS.: Mesmo assim, com tantos reencontros, a saudade continuava...

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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Suflês e Cifrões

O fim de semana que passou foi de reencontros.

Começou na noite do dia de Vênus, quando o Equilibrista encontrou-se com amigas da sua turma da academia de Tecno-Alquimia. Foi um compromisso marcado repentinamente e o bardo confirmou sua presença mais pela emoção do que pela razão: o local combinado era cotado com 4 marcas de periculosidade financeira (a máxima), mas fazia tempo que não via suas ex-colegas de turma e estava com vontade de comer suflês.

O encontro foi confirmado por apenas 3 membros da Facção Filantrópica: Antares, Tecnocrata e o Equilibrista. Ficaram sabendo mais tarde que Vítima se uniria a eles para a sobremesa.

Foi uma noite agradabilíssima. Comeram muito e beberam muito pouco. Para a entrada, couvert com torradas e foie grás, uma geléia muito saborosa de ingredientes desconhecidos e manteiga. Para o prato principal, escolheram suflês de camarão com alho poró e cogumelos paris; de brie; e de frutos do mar com chutney de manga (o chutney combinou muito com os camarões do suflê do Equilibrista). Como o preparo dos suflês doces era demorado, o taberneiro alertou-os para já fazerem suas escolhas (embora Antares, uma habitué do estabelecimento, já tivesse comunicado essa peculiaridade aos demais, então todos já estavam decididos). Foram dois de chocolate (sendo um para a Vítima); um de cupuaçu; e outro, de frutas silvestres. O trio já havia terminado os salgados e o taberneiro avisou que os doces já estavam prontos. Como a Vítima ainda não havia chegado, pediram para que ainda não fossem servidos. Esperaram mais um pouco e nada. O taberneiro veio avisar novamente, pois se os suflês ficassem muito tempo sendo aquecidos, acabariam queimados. Então liberaram a vinda de todos, menos do da Vítima. O trio terminou a sobremesa e a última confirmada da noite finalmente chegou. Foi saudada pelo taberneiro, que já a conduziu rapidamente à mesa, pois seu suflê estava a ponto de sair do ponto. O jantar foi arrematado com um delicioso Earl Grey (o favorito do Equilibrista) e a Tecnocrata aprendeu algumas técnicas de infusão de chás com a Vítima. Riram muito, como é de costume nos encontros da Facção Filantrópica e, como sempre, a Tecnocrata troxe uma nova geringonça: o próximo passo evolutivo do Aço Negro. Obviamente o Equilibrista, que já cobiçava o artefato, depois de ter contato físico com o mesmo, colocou sua aquisição no topo de suas prioridades.

Resolveram encerrar o encontro e pediram a conta. Se assustaram um pouco com ela e constataram que haviam cobrado um suco a mais. No entanto, perto do total, um mísero suquinho não faria diferença alguma, então deixaram por estar e se despediram.

O saldo da noite foi positivo em todos os aspectos, exceto, é claro, no financeiro.

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sexta-feira, 29 de junho de 2007

Gerando movimento

Era um dia ensolarado. Algumas pessoas andavam, outras conversavam em pequenos grupos na calçada. E o Equilibrista seguia seu caminho, com passos curtos, rápidos e decididos. À sua frente estava um desses grupos, parado, conversando. O pragmático bardo já vai traçando o ajuste de sua trajetória para desviar desse obstáculo imóvel com a menor perda de tempo e gasto de energia possível. Terminados os cálculos e ajustes, quando o Equilibrista está prestes a passar, o grupo todo resolve se mover e obtrui totalmente a passagem do aventureiro - obviamente, andam com velocidade inferior à dele.

Este fato ocorre freqüentemente com o impaciente bardo, que não aprecia ter que reduzir sua velocidade e ficar atrás de retardatários.

E não era apenas em dias ensolarados. Pode estar chovendo, fazendo frio ou calor. O efeito da aproximação do Equilibrista era sempre o mesmo: fazia pessoas saírem do repouso e iniciarem um movimento curvilíneo (provavelmente, para minimizar as chances de ultrapassagem daqueles mais apressados) variado (desacelerando até parar e acelerando ao passo de quelônio com preguiça).

Essas evidências levaram à conclusão dessa habilidade especial do Equilibrista: Incitar movimento de empecilhos. No entanto, o mecanismo que provocava o movimento não foi descoberto ainda. Especula-se que o Equilibrista forneça a energia de ativação necessária para os futuros obstáculos móveis vençam o atrito estático. Outra hipótese é a de as pessoas acharem que estão apostando corrida com o pacato aventureiro que se aproxima, ou então que ele é algum inspetor público que multa pessoas paradas no meio da calçada e que dificultam o trânsito de pedestres. Pode ser, também, que essas pessoas sejam instrutores disfarçados que desejam ensinar ao Equilibrista mais paciência e tolerância.

Seja qual for o mecanismo, o Equilibrista geralmente acaba desviando ainda mais, desde que não tenha que competir por espaço com veículos automotivos.

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quinta-feira, 28 de junho de 2007

Algo pior do que lavar louça

O Equilibrista não pára para discutir relacionamento, mas vez por outra, faz uma avaliação de seus hábitos alimentares (comida de novo? ainda é a saudade...). Constatou que estava ingerindo poucas folhas cruas, principalmente as escuras, ricas em ácido fólico. Então, numa bela manhã, resolveu comprar alguns vegetais.

Com o intuito de sempre manter um certo estoque desses seres clorofilados sem abalar suas reservas, o econômico bardo optou pelas versões "não-lavadas-e-cortadas" de alface americana e rúcula (uma verde clara e outra verde escura, criando um tom-sobre-tom numa salada - suuuper original) em detrimento das prontas para consumo, tão mais práticas, mas desproporcionalmente mais caras.

Retornou ao seu reduto e viu que se aproximava a hora do repasto zenital. Então pôs-se a lavar a alface. Num episódio anterior, o inexperiente aventureiro conseguiu arruinar o trabalho de horas ao adicionar hipoclorito em excesso na água que desinfetaria as folhas (a alface ficou com gosto de água sanitária). Para não repetir o erro, descartou o uso desse composto. E lá ficou o Equilibrista a destacar, folha por folha, a passar os dedos em toda a área exposta, folha por folha, a exaguar sob água corrente em abundância, folha por folha... Quando metade do pé de alface estava lavado, o Equilibrista já estava farto de encostar em qualquer coisa verde que realizasse fotossíntese. Obviamente, enquanto lavava folha por folha, foi preparando os outros pratos. E teve para a entrada do repasto zenital, salada de alface.

Terminou de comer, de lavar a louça (atividade doméstica da qual o Equilibrista menos gostava, até então) e finalmente começou a assitir a algumas animações de origem oriental. Até que se lembrou de que havia meia alface e um maço de rúcula para serem lavados e guardados sob refrigeração. Então pôs-se a lavar a alface novamente. Terminando de desfigurar aquela esfera verde pálido, passou para a rúcula. Todo o martírio para higienizar a contra-parte clara parecia um passeio no parque perto do suplício que seria limpar aquelas folhas escuras. Certamente, 45% do maço foi descartado, pois estava murcho ou feio ou despertou alguma desconfiança no exigente bardo. A tarefa parecia mais simples, pois as folhas não ficavam todas enroladas uma sobre a outra, como na alface, mas o fato de ter que ficar escolhendo, cortando o talo, se deparando com seres vivos ainda vivos, desgastou muito mais o Equilibrista, que decidiu, naquele instante e a partir dele, jamais optar pela versão não-lavada-e-selecionada daquelas folhas verdes que combinam com discos de massa e tomates secos novamente.

O trabalho durou o período da trajetória descendente do Sol, mas, pelo menos, rendeu uma provisão de quase uma fase lunar de fibras vegetais e ácido fólico ao então-cansado bardo.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

A hora da bóia

Um aspecto da nova guilda ao qual o Equilibrista ainda não se acostumou é o limite de tempo para seu repasto zenital: apenas um ciclo do ponteiro maior do relógio! Esse tempo é muito curto para alguém que ingere os nutrientes vagarosamente; que, apesar de não contar as mordidas, mastiga bem os alimentos; que gosta de degustar ao invés de devorar; e que, na maioria dos dias, também tem preparado sua própria refeição!

A vantagem era uma comida "fresquinha", recém-tirada do fogão, mas isso consome tempo, que já é escasso. Para quem não sabia: o Equilibrista mora a 6 minutos de caminhada de sua guilda atual.

Quando resolve ingerir alimentos elaborados por terceiros e sabe que o alquimista culinário costuma ser vagaroso no preparo dos pratos, o precavido bardo comunica o estabelecimento previamente, para que, ao chegar, já tenha seu lugar pronto e o pedido, encaminhado. Nos dias em que a presteza é inprescindível, o Equilibrista recorre às calóricas refeições rápidas encharcadas de gordura vegetal hidrogenada - felizmente essa não tem sido uma prática comum.


Mas a adaptação vai bem. Mesmo queimando a língua de vez em quando e se atrasando um pouco para retornar à guilda esporadicamente, o bardo tem conseguido melhorar suas marcas em relação ao tempo de sua pausa prandial. Em alguns meses, talvez, todo esse ritual já esteja totalmente esquematizado e cronometrado (o que poderá gerar uma necessidade de quebra-de-rotina) e o intervalo entre uma garfada e outra, menor.

Trânsito entre Capitais 2: frustração

continuação de Trânsito entre Capitais

¾ do grupo havia chegado com bastante antecedência, mas como resolveram esperar o último membro para fazerem o check-in, e esse demorou um pouco, tiveram que ser remanejados para a fila expressa (ainda bem, pois o alinhamento de seres com o mesmo objetivo, mas com prioridade normal estava imensa - embora tenha adquirido esse tamanho monstruoso ao longo do período de espera...).

Despacharam as bagagens e foram avisados de que haveria atraso na decolagem (graaande novidade para aqueles dias de caos aéreo). Ainda bem, pois o Equilibrista foi barrado no detector de metais. Esvasiou os bolsos, já havia colocado o Aço Negro na bandeja, tirou o retentor de documentos e dispositivos de transações monetárias, o cabo de inserção auricular para manter as mãos livres durante interfaces auditivas, chaves... e aquela geringonça continuava apitando quando o bardo tentava passar por aquele portal. Estava quase tirando o cinto quando esticou o pé para além daquelas barras incriminadoras e o sinal tocou. O problema estava nos calçados do Equilibrista que teve que tirá-los e que felizmente trajava meias limpas.

Outro transtorno era que o vôo seria internacional, então nenhum frasco ou bisnaga contendo líquidos, pastas ou colóides poderia embarcar sem serem declarados.

Mas uma aparente vantagem surgiu: acesso ao Duty Free! E lá foi o então-consumista Equilibrista encher sua cestinha de espíritos etílicos escoceses e águas mascaradoras de odor. Então lembrou-se da restrição de líquidos a bordo a ave metálica e foi perguntar para a atendente se haveria algum problema. Esta disse que não, mas depois perguntou para onde o bardo iria. Tragédia. Como se tratava de um vôo doméstico, o Equilibrista teve que abandonar sua cestinha sem poder adquirir nenhum item... (e os preços estavam muito bons mesmo).

Antes de embarcar na ave metálica, o triste aventureiro contatou seu amigo Urso Maior e relatou o ocorrido. O "experiente" amigo disse ao bardo que deveria ter mentido sobre o destino, pois a vendedora não iria pedir a passagem para comprovar. Então o Equilibrista passou de triste para frustrado. Frustrado por ter sido honesto e ter perdido aquela pechincha. E decidiu que, na chegada em Salvador, não deixaria a oportunidade passar novamente.

continua...

terça-feira, 26 de junho de 2007

Saudade e Apetite

Neste dia dedicado ao Deus da Guerra, o Equilibrista amanheceu com saudades. Saudades de pessoas, o que é bastante raro. E isto influencia fortemente seu humor, disposição e apetite, prejudicando os primeiros e favorecendo o último. Se bem que, sendo o aumento do apetite do bardo uma conseqüência dessa saudade, esse sentimento se manifestou desde o Dia da Lua, quando, movido pela gula, sucumbiu à tentação de adquirir um pó para preparo de massas circulares adocicadas e sua respectiva cobertura de xarope maple. O resultado: catastrófico. Os discos foram bem preparados, o rendimento foi absurdamente alto (200g de pó se converteram em mais de meia dúzia de discos com diâmetro pouco inferior a ¾ de palmo), mas o sabor não agradou tanto o insaciável e curioso bardo, que, provavelmente, verá o pó cair em ostracismo em alguma prateleira de seu reduto.

Voltando ao tópico: e o pior de tudo era que essa saudade ainda iria demorar para passar...

domingo, 17 de junho de 2007

Assistência e alimentos

A nova guida do Equilibrista estava rendendo-lhe novos contatos. Certo dia, na companhia de sua colega intermitente (ora ela está na torre de controle, ora, desaparece), entrou um conhecido desta, que, no meio de muitos assuntos, mencionou que precisava de alguém com conhecimentos em interligações físico-virtuais para restabelecer sua conexão com a grande rede mundial virtual. O modesto e pouco-espalhafatoso bardo nem se manisfestou, mas sua colega, prontamente apontou para o mesmo, que nem conhece tanto assim dessas interligações, mas, devido ao desespero do visitante, resolveu, pelo menos, dar uma olhada no sistema do indivíduo. Combinaram dia e horário, mas, não pagamento - com a saída do visitante, a colega intermitente até se desculpou com o Equilibrista, pois já imaginava que o pagamento não seria feito de maneira ortodoxa, ao que o altruísta bardo respondeu que não seria problema, pois não costumava ser muito apegado a essas questões de remuneração por esse tipo de serviço.

Felizmente, a sede do requisitante de assistência não ficava longe da reduto do Equilibrista (a distância a ser transposta impõe uma grande inércia no indolente aventureiro). Chegando lá, teve que se familiarizar com o "terreno", pois nunca é fácil adivinhar, no emaranhado de fios, qual liga uma máquina na outra e no dispositivo de distribuição e no fornecimento externo de sinal. Depois de, finalmente, mapear as conexões, não teve nenhum sucesso em restabelecer o acesso à grande rede. Apelou, então, para o fornecedor da conexão (o Equilibrista tivera experiências recentes com esse mesmo fornecedor, mas isso será contado em outra ocasião), que, depois de desconfigurar toda a rede interna, conseguiu fazer UMA das máquinas acessar a rede mundial. O Equilibrista explicou a situação ao então felicíssimo dono-das-máquinas que foi muito insistente em fazer o bardo ter seu repasto zenital na sede. Depois de muito tentar declinar do convite educadamente, o prestador de serviço acabou cedendo. Então foi levado ao refeitório, mas a comida não estava pronta. O requisitante sugeriu fazerem sua refeição em uma taverna especializada em carne de mamíferos ruminantes, mas o Equilibrista conseguiu, finalmente, fazer-se entender: não queria comer àquela hora. Então, como gratidão, o dono-das-máquinas ofereceu vários produtos de sua guilda: bandejas de pastéis orientais, pães orientais com recheio suíno e uma outra variedade, parecida com o primeiro produto, mas cilíndrico e aberto (que o bardo estava curioso para experimentar); além de repastos zenitais ilimitados na sede; e transporte(!!) sempre que o aventureiro necessitasse. Claro que o bom-senso do Equilibrista jamais o deixaria aceitar essas duas últimas ofertas. Então, após agradecer todas as facilidades oferecidas, o aventureiro pegou a sacola com as iguarias e pôs-se a caminho de seu reduto.

No dia seguinte, às 7:20 da manhã, toca o dispositivo fixo de interface auditiva: a comunicação entre os terminais de negociação de sua guilda atual não conseguiam se conectar ao terminal central. Como "não" era uma resposta raramente dada pelo Equilibrista, este aprumou-se e, em menos de 15 minutos, chegou ao seu local de trabalho, extraodinariamente num dia dedicado ao Sol. Depois de muito batalhar com o terminal central, testemunhar um furto em sua própria guilda, e ouvir diversas sugestões, conseguiu restabelecer a ordem e a paz entre todos os terminais e a tranqüilidade do Responsável pela Guilda.

O sonolento e fatigado bardo aproveitou que estavam servindo o desjejum e serviu-se fartamente. Quando terminou de se alimentar e anunciou seu retorno ao lar, o Responsável pediu que o acompanhasse ao piso inferior (de exposição das mercadorias ao público) e ofereceu algumas unidades da massa alimentícia da qual o bardo tanto gostava, perguntando se havia mais alguma coisa que interessasse. O Equilibrista, que não achava esse ato de gratidão necessário, disse que era suficiente e partiu feliz por saber que havia feito uma boa ação - e, principalmente, por ter deixado o Responsável satisfeito com seus serviços.

Nessas duas rotações, o Equilibrista teve que resolver problemas de conexões em duas guildas diferentes; em ambos os casos, recebeu alimentos em troca de sua assistência, mesmo achando que não seria necessária nenhuma gratificação; e o mais importante: a satisfação daqueles que o bem-alimentado bardo pôde ajudar.
(concatenação de idéias prejudicada pela ingestão de espíritos etílicos rubros)