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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Caixa de Pandora

Com muito custo, o Equilibrista aprontou-se para partir em direção à sua guilda, mas foi tomado por um sentimento que misturava surpresa e alegria ao ver um ferreiro consertando a gôndola de translado vertical de sua torre. Será que estaria impossibilitado de chegar aos níveis inferiores e, conseqüentemente, de deixar seu reduto? Infelizmente, ao indagar ao ferreiro se os reparos iriam demorar, ficou sabendo que a gôndola alternativa estava funcionando e achou bastante peculiar ver o sentinela da entrada conduzindo-a (vale citar que esse sentinela não era o que tinha o costume de abandonar seu posto).

Já em sua guilda, começou a ler as mensagens em sua caixa postal, mas só depois de resolver vários assuntos com seu superior hierárquico, que, ao que parecia, estava bastante ávido para ver o Equilibrista labutando. Uma de suas correspondências avisava que a troca de presentes entre amigos com identidade não revelada (doravente, cripto-filos) seria realizada no dia seguinte. Como houve um evento de magnânima importância na mesma época em que essa troca costumava ocorrer, a Facção Filantrópica decidiu postergá-la. O cripto-filos então seria realizado com atraso de dois ciclos lunares, aproximadamente.

Cansado e com calor, o Equilibrista resolveu deixar a guilda e partir em busca de algum item para presentear seu cripto-filo. Chegou ao centro de escambo da Cidada Dourada e por lá vagou durante algum tempo, tentando decidir a natureza do artefato que iria adquirir. Resolveu dar uma vestimenta e, então, perambulou por diversas lojas. Finalmente encontrou o presente que satisfazia seu gosto, ultrapassava apenas um pouco da faixa de valores estipulada e poderia agradar o receptor. O vendedor perguntou se se tratava de um presente para o progenitor do Equilibrista, ao que este respondeu "você pode não acreditar, mas é para..." - nesse momento, o Equilibrista poderia jurar que o interlocutor pensou em 'namorado', dado o olhar simpático que recebeu - "... um cripto-filo". O vendedor realmente se mostrou surpreso e havia mesmo razão para estar.

Com a busca terminada, pôs-se a caminho de seu reduto. Quando o Equilibrista estava prestes a atingir seu destino, o céu tornou-se negro e despejou sua fúria hídrica. Como era previnido, o bardo carregava sua abóbada impermeável portátil e pôde completar seu trajeto relativamente seco e, mal atravessou o portal de sua torre, foi-lhe entregue uma caixa. Os olhos do Equilibrista brilharam de satisfação. A entrega estava atrasada, mas havia chegado em boa hora, pois haveria tempo de desfrutar o seu conteúdo antes dos dias atribulados que se seguiriam.

A gôndola de translado vertical já havia sido reparada, então o Equilibrista subiu tranqüilamente ao seu reduto, embora bastante carregado: sua alforja fiel, a sacola com o presente de seu cripto-filo, a caixa tão esperada e a abóbada impermeável portátil (em seu modo de descanso, obviamente). Depois de livrar-se da poeira da estrada, dirigiu-se imediatamente àquela caixa. O aventureiro desconfiava de seu conteúdo, pois o que estava esperando não necessitaria de um envoltório com aquele volume. Então, mais uma vez naquele dia, foi tomado por um sentimento que misturava surpresa e alegria. Teriam os mercantes se enganado e mandado a versão extravagante do item que o Equilibrista havia encomendado? E, mais uma vez naquele dia, suas expectativas foram frustradas. Sendo que, desta vez, de uma forma ainda pior, pois os mercantes realmente se enganaram e mandaram um item completamente diferente do que havia sido especificado.

Recomposto após essa surpresa mais do que desagradável, o Equilibrista enviou um pergaminho binário aos mercantes, solicitando uma providência, mas já sabendo que esta demoraria, uma vez que o item atravessara distâncias continentais para chegar até ele.

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