Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

sábado, 21 de janeiro de 2006

Assistindo à alforria alheia

Depois de muito batalhar para adquirir o grau de tecno-alquimista, o Equilibrista passou a se sentir mais feliz e, ao mesmo tempo, aliviado ao ver seus amigos se livrarem dos grilhões das uniões acadêmicas. Neste dia, foi ver sua amiga, a Rainha Mestiça, tomar posse do seu cilindro (na verdade, um paralelepípedo hexagonóide) vazio, na cerimônia formal.

Seguiu o fluxo de progenitores até o local da cerimônia e tentou localizar a homenageada, mas descobriu-se só no meio da multidão. Tentou usar Aço Negro para contatá-la, mas a estrutura semi-subterrânea bloqueava eficientemente o sinal. Também não conseguiu contato com o consorte da Rainha, o Futuro Pajé. Era quase a hora da cerimônia ter início quando ouviu, do outro lado do saguão, o Futuro Pajé gritando o seu nome. O Equilibrista foi de encontro ao casal e, assim que a Rainha Mestiça vestiu seu traje cerimonial, começaram a imortalizar alguns momentos. Houve um certo tumulto, pois havia uma certa máfia que queria ser imortalizada. Em meio ao tumulto, o Equilibrista e o Futuro Pajé se olvidaram do nome do ornamento usado na cabeça naquela ocasião.Pensaram em substantivos como quepe e até barreta, mas a dúvida foi sanada por um imortalizador de momentos profissional: o nome era capelo. Não se sabe por que o assunto surgiu, mas conhecimento é poder.

Eis que a energia do dispositivo de armazenamento de momentos imortalizados da Rainha Mestiça dissipou-se completamente. Então, a dupla Futuro Pajé e Equilibrista se viram na incumbência de encontrar alguém que pudesse imortalizar o momento em que a Rainha Mestiça recebesse seu cilindro oco (por favor, sem conotações libidinosas). O Equilibrista não foi nada útil na tarefa, uma vez que não conhecia mais ninguém além do casal. Futuro Pajé, aparentemente, havia sido bem sucedido na empreitada e, logo em seguida, deu-se o aviso para que os homenageados se perfilassem e se preparassem para a entrada. Como a maioria dos que deviam colocar-se em fila e em ordem alfabética eram do sexo feminino, a tarefa levou muito mais tempo do que seria considerado normal. Até mesmo o local de entrada foi alterado, sabe-se lá por quê.

Enquanto procuravam um substituto para o dispositivo, todos os assentos do recinto foram tomados e o Equilibrista e o Futuro Pajé foram obrigados a permanecer de pé durante toda a cerimônia. Como esta era a posição padrão do Equilibrista, não houve problemas (pelo menos, não para o Equilibrista). Os dois se posicionaram atrás da última fileira de assentos, atrás de uma senhora que parecia prestar mais atenção à conversação da dupla do que à cerimônia, pois pedia silêncio incessantemente. Se mais energia fosse gasta em prestar atenção ao que acontecia à sua frente, provavemente não se sentiria tão incomodada, já que o tom de voz do Equilibrista costuma ser tão alto quanto um sussuro (mas também havia o Futuro Pajé, cujo volume da voz era um pouco mais audível - eufemisticamente falando).

Quando o momento em que a Rainha Mestiça se apoderaria do cilindro oco se tornou iminente, a dupla se deslocou para mais perto do tablado. O Futuro Pajé se apossou do dispositivo substituto e imortalizou vários momentos de várias das homenageadas. Já o Equilibrista capturou os movimentos da Rainha Mestiça ao receber o objeto e retornou ao fundo do recinto.

Durante a cerimônia, o Equilibrista adquiriu uma certa antipatia pelo mestre de rituais, uma vez que este era um adepto do gerúndio e não conjugou nenhum verbo em seu tempo futuro.

Teminados todos os ritos e homenagens, o Equilibrista parabenizou sua amiga, que chegou até ele furtiva e sorrateiramente e, depois de algumas buscas e desencontros, reuniram-se com o Futuro Pajé e com a família da Rainha Mestiça. Seguiram-se apresentações, cumprimentos, imortalizações de momentos e a despedida. A Rainha e seu clã iriam para um estabelecimento de consumo de proteína animal e o Equilibrista foi convidado para acompanhá-los, mas o aventureiro teve que declinar do convite, pois precisava estar em seu reduto antes da virada daquele dia para o seguinte.

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