Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

O bico

As comemorações pela passagem da fase de aprendiz de Absorta para a de bacharela estavam chegando ao fim.

Atendendo o pedido de seu tio, o Equilibrista tentava encontrar uma taverna apropriada para reunir aqueles que homenagearam a nova hamurábica (ou sacerdotisa de Têmis) na noite anterior. O primeiro estabelecimento que surgiu em sua mente foi seu favorito para consumo de iguarias nipônicas esteticamente preparadas e dispostas. Devido ao número elevado de comensais, esta opção seria demasiadamente dispendiosa, então a descartou. Lembrou-se, logo em seguida, de uma taverna especializada em proteína animal termicamente transformada que praticava taxas moderadas. E não se esqueceu de sua tia (cônjuge do tio que lhe delegara essa tarefa) não ingeria alimentos provenientes de seres animados que um dia se locomoveram por conta própria (não foi usado o termo senciente para não entrar em conflito com aqueles que defendem a existência do espírito vegetal): o estabelecimento era provido de uma farta gama de alimentos nascidos da terra. Notificou os taberneiros da visita que receberiam, reservando uma extensa mesa.

O Equilibrista entrou em contato com seu tio para comunicar-lhe o nome da taverna e sua posição na cidadela. Com essa tarefa cumprida, o bardo recebeu uma nova missão: estabelecer uma interface auditiva com seu irmão, o Anestesista, para trazê-lo de volta do mundo de Hypnos e para informar sobre o local da reunião.

O Anestesista, de fato, foi despertado pelo Equilibrista e não confirmou sua presença. Obviamente, o bardo insistiu até convencê-lo a ir, mas, por precaução, pediu para seu tio reforçar o convite.

O intrépido aventureiro foi o primeiro a chegar à taverna. Ele achou estranho e melhor não comentar, mas a mesa à qual foi acomodado estava reservada para outra pessoa, de nome foneticamente parecido com o seu. Discretamente, dobrou o pedaço de celulose com o nome impresso e tornou-o imperceptível (o que não gerou nenhum constrangimento posterior).

Um considerável tempo depois, chegou uma tropa imensa, composta de tios, tias, primas e amiga-da-prima, faltando apenas o irmão e a futura irmã-em-lei do Equilibrista. O bardo notou que sua tia solidária aos animais não demonstrava muita alegria em estar naquele ambiente: sua expressão facial, com os lábios em forma de ventosa, lembrava a de um hipocampo. O Equilibrista não sabia exatamente o motivo, mas supunha tratar-se do efeito do aroma de carnes sendo deliciosamente posicionadas em chapas em alta temperatura adentrando narinas que não desejavam consumi-las. Demorou, mas ela se adaptou ao ambiente ao vislumbrar a suntuosa mesa de folhas, frutos, caules e raízes.

O Equilibrista e seu tio estavam na iminência de iniciar a degustação, mas uma das irmãs de seu progenitor (aquela que fora visitar o bardo) repreendeu-os, argumentando que deveriam esperar pela chegada do Anestesista. O Equilibrista opôs-se à idéia (afinal, já estava carente de nutrientes), mas seu tio achou melhor consentir. Ficaram conversando e assistindo às demais pessoas regozijarem-se.

O Anestesista teve uma certa dificuldade em localizar a taverna, mas conseguiu juntar-se ao grupo. Então todos começaram a repastar alegremente.

Marcadores: ,

2 Conversa(s) na taverna:

Blogger l declamou:

tá, já que não dá para ter a receita do ouriço estroboscópico... assim que voltaramos para SP, encontro marcado no estabelecimento favorito para consumo de iguarias nipônicas esteticamente preparadas e dispostas, com direito a bebidas destiladas porque ninguém é de ferro, tá? .

5/1/07 18:19  
Blogger Equilibrista Bêbado declamou:

Combinadíssimo!

Aguardo ansiosamente o seu retorno.

6/1/07 14:43  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

Voltar à origem