Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Paciência e Recompensas

Já faz mais de um ano que fui nomeado capataz de minha guilda, mas ainda não me acostumei com meu regime de semi-escravidão, tendo apenas um dia por fase lunar para descansar, além do horário deslocado, que praticamente inutiliza boa parte do meu dia.

E essa restrição de folga tem deixado pouco tempo para que eu possa ver meus amigos, afinal, mal tenho tempo para arrumar minha morada, assistir aos meus itens audio-visuais nipônicos e, por vezes, dormir. E, ultimamente, com a atualização tecnológica que vem sendo implantada na guilda, esse sagrado dia de descanso tem sido abreviado.

Com tão pouco tempo para descansar, não era de se estranhar que esse aventureiro estressado por natureza ficasse ainda mais tenso e intolerante (ao ponto de ter que chamar uma massoterapeuta para atendimento emergencial). Estava claro que uma válvula de escape precisava ser instalada. Minha nova paixão era um paliativo: comprar Vestimentas Mitológicas e montá-las era, apesar de fácil, uma boa forma de relaxar, mesmo doendo um pouco no bolso, afinal, o resultado estético e a satisfação de possuir itens tão belos compensavam. Mas ainda parecia faltar algo... um passatempo que demandasse um pouco mais de atenção e cuidado.

Coincidentemente ("Nesse mundo não há coincidências; há apenas o inevitável"), numa das minhas andanças pelo mundo virtual, conheci alguém que ofereceu uma oportunidade que há tempos eu esperava: uma aula introdutória para a arte de concatenação de fragmentos poliméricos. Não sei como, mas esse novo conhecido providencialmente viu em mim um colecionador em potencial. Então, aproveitando minha folga, decidi conhecê-lo, assim como seu entreposto comercial (vim a saber que ele, além de colecionador, era mercador de itens que se encaixavam nas minhas necessidades), mesmo tendo que recusar um convite de Daeva para degustar sua receita à base de feijão, pimenta e carne (que eu adoro).

Para a minha infelicidade, nesse mesmo dia estava acontecendo um evento que reunira milhões de seres estridentes e desvairados, que praticamente tornaram o sistema de trens subterrâneos intransitável. Mas como depois de decidir algo (o que leva bastante tempo...) costumo não voltar atrás, tomei uma rota mais longa: viajei no sentido contrário do fluxo dos seres incômodos, numerosos e irracionais até uma estação menos abarrotada (na verdade, praticamente deserta). Bem acomodado e relativamente isolado do tumulto, segui viagem até meu destino, que, felizmente, ficava depois da estação na qual aqueles indivíduos barulhentos desceriam. Fiz uma rápida parada para adquirir algumas vestimentas novas, uma vez que no caminho havia um Templo de Louvor ao Consumismo, mas não encontrei nada que me agradasse.

Cheguei, então ao estabelecimento do Imperador. Fiquei impressionado com tanta atenção e paciência que ele mostrou ao passar horas me explicando cada particularidade dos diferentes tipos de "quebra-cabeças", além dos personagens que representavam. A aula da arte de concatenação seria na semana seguinte, mas eu já havia recebido uma excelente introdução. Depois de estar completamente fascinado por esse novo universo
(acho que o Imperador tem 5 pontos em lábia e mais 7 em carisma), resolvi adquirir o modelo a ser utilizado na aula, para não correr o risco de ficar sem opções em cima da hora. Como todo bom equilibrista, fiquei em dúvida entre dois modelos. Segui, então a sugestão do anfitrião: um personagem negro como a noite e cheio de personalidade. Foi uma ótima escolha e fiquei bastante satisfeito com a aquisição. O único problema era segurar a ansiedade de ter que esperar a próxima fase lunar para concatenar as peças...

Muito feliz e mais leve, retornei à minha morada, praticamente ignorando todo o tumulto causado por aqueles rufiões incansáveis e descontrolados. E não estava satisfeito apenas por ter saciado o impulso consumista: sentia que a semente de uma nova amizade havia sido plantada.

1 Conversa(s) na taverna:

Anonymous Anônimo declamou:

Um Imperador só é de fato alguem digno de respaldo quando tem bons amigos para compartilhar sua felicidade! Sou um homem de muita sorte!

30/7/08 01:43  

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