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quinta-feira, 28 de junho de 2007

Algo pior do que lavar louça

O Equilibrista não pára para discutir relacionamento, mas vez por outra, faz uma avaliação de seus hábitos alimentares (comida de novo? ainda é a saudade...). Constatou que estava ingerindo poucas folhas cruas, principalmente as escuras, ricas em ácido fólico. Então, numa bela manhã, resolveu comprar alguns vegetais.

Com o intuito de sempre manter um certo estoque desses seres clorofilados sem abalar suas reservas, o econômico bardo optou pelas versões "não-lavadas-e-cortadas" de alface americana e rúcula (uma verde clara e outra verde escura, criando um tom-sobre-tom numa salada - suuuper original) em detrimento das prontas para consumo, tão mais práticas, mas desproporcionalmente mais caras.

Retornou ao seu reduto e viu que se aproximava a hora do repasto zenital. Então pôs-se a lavar a alface. Num episódio anterior, o inexperiente aventureiro conseguiu arruinar o trabalho de horas ao adicionar hipoclorito em excesso na água que desinfetaria as folhas (a alface ficou com gosto de água sanitária). Para não repetir o erro, descartou o uso desse composto. E lá ficou o Equilibrista a destacar, folha por folha, a passar os dedos em toda a área exposta, folha por folha, a exaguar sob água corrente em abundância, folha por folha... Quando metade do pé de alface estava lavado, o Equilibrista já estava farto de encostar em qualquer coisa verde que realizasse fotossíntese. Obviamente, enquanto lavava folha por folha, foi preparando os outros pratos. E teve para a entrada do repasto zenital, salada de alface.

Terminou de comer, de lavar a louça (atividade doméstica da qual o Equilibrista menos gostava, até então) e finalmente começou a assitir a algumas animações de origem oriental. Até que se lembrou de que havia meia alface e um maço de rúcula para serem lavados e guardados sob refrigeração. Então pôs-se a lavar a alface novamente. Terminando de desfigurar aquela esfera verde pálido, passou para a rúcula. Todo o martírio para higienizar a contra-parte clara parecia um passeio no parque perto do suplício que seria limpar aquelas folhas escuras. Certamente, 45% do maço foi descartado, pois estava murcho ou feio ou despertou alguma desconfiança no exigente bardo. A tarefa parecia mais simples, pois as folhas não ficavam todas enroladas uma sobre a outra, como na alface, mas o fato de ter que ficar escolhendo, cortando o talo, se deparando com seres vivos ainda vivos, desgastou muito mais o Equilibrista, que decidiu, naquele instante e a partir dele, jamais optar pela versão não-lavada-e-selecionada daquelas folhas verdes que combinam com discos de massa e tomates secos novamente.

O trabalho durou o período da trajetória descendente do Sol, mas, pelo menos, rendeu uma provisão de quase uma fase lunar de fibras vegetais e ácido fólico ao então-cansado bardo.

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