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segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Aço Negro retorna

Aço Negro, o poderoso dispositivo móvel de interface auditiva do Equilibrista, estava prestes a completar seu primeiro ano quando seu proprietário resolveu deixá-lo aos cuidados de um ferreiro eletrônico para que alguns reparos fossem efetuados.

Foi durante a comemoração natal da Vítima no último ano do cão, em meio a uma conversa com a Tecnocrata, Defensora (outrora R.P.) e seu par, Mecatrônico, que o bardo se convenceu da necessidade de sanar um grande problema de seu disponsitivo: a
enorme dificuldade em abrir o compartimento de sua célula de energia. A Tecnocrata conseguiu realizar essa tarefa hercúlea uma vez, mas quando a platéia pediu uma nova demonstração, o feito não se repetiu. O Equilibrista passou o restante do evento tentando remover a então inviolável proteção do coração de seu dispositivo, ao fim do qual, o aventureiro estava suado; seus dedos, esfolados e suas unhas, gastas; mas todo seu esforço fora em vão.

A célula de energia devia ser removida para que outro componente pudesse ser retirado: a alma rígida do Aço Negro, pois esta não poderia estar presente durante a operação de evolução das funções do aparelho. Essa evolução corrigiria algumas falhas comportamentais e despertaria algumas capacidades latentes, que o Equilibrista havia observado na Primogênita, dispositivo idêntico da Tecnocrata.

O Equilibrista seguiu várias pistas e indicações até encontrar uma grande torre na qual se localizava um ferreiro eletrônico autorizado a manipular seu dispositivo e, depois de enfrentar um enorme e vagaroso alinhamento de seres com objetivo em comum, pôde explicar o problema a uma assistente do ferreiro. Havia necessidade de deixar Aço Negro aos cuidados daqueles profissionais e, segundo as regras destes, o alma rígida do aparelho deveria permanecer com o proprietário do mesmo. Então o bardo assistiu à franzina assistente tentar remover a carapaça do dispositivo. Derrotada, a atendente pediu licença e entrou em uma câmara isolada. O Equilibrista temeu pela integridade física do seu artefato, mas a moça retornou toda sorridente, com o Aço Negro em uma mão e sua alma rígida na outra. E essa foi a última vez que o aventureiro viu seu inseparável dispositivo móvel naquela translação solar.

A falta que o Aço Negro fazia era indescritível, principalmente em ocasiões como a última viagem do Equilibrista à sua cidadela natal, quando algo que o isolasse acusticamente do ambiente era quase uma necessidade vital. Outro fator insuportavelmente incômodo era a constante sensação da falta de conexão com seus companheiros de aventura (no entanto, essa falta se mostrou bastante útil em algumas ocasiões, principalmente para despistar seus superiores hierárquicos), mas graças ao seu bom amigo, o Urso Maior, que lhe emprestou um dispositivo móvel para abrigar a alma rígida de Aço Negro provisoriamente, esse fator foi minimizado.

O pobre Equilibrista aguardou, desolado, carente, ansioso, durante dois ciclos lunares e meio (dos quais, durante um ciclo e meio, estabeleceu interfaces auditivas diariamente, tanto com os criadores do aparelho quanto com as assistentes do ferreiro), quando finalmente recebeu a notícia de que um novo Aço Negro havia sido disponibilizado e aguardava para ser retirado. Foi um dia de festa, de alegria! Mesmo sendo outro corpo, o genótipo era o mesmo e a alma, também. Todos os problemas antigos desapareceram e a evolução funcional pôde ser feita.

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