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Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Cervejarium

continuação de Sozinho e ocioso

O horário combinado para a reunião chegara, mas os progenitores do Equilibrista ainda não. Como estes já estavam cientes do evento, o aventureiro não deixou nenhuma indicação de onde poderia ser encontrado (lembrança remota: isso já causou muito constrangimento em uma outra celebração) e pôs-se a aguardar o Alquimista Prolixo, que iria apanhá-lo em sua carruagem movida a combustão interna. Seu insano confrade chegou fazendo ruído com as rodas vulcanizadas e recebeu um silencioso olhar de reprovação do Equilibrista.

O Alquimista trazia sua companheira, Lírica, e aprensentou-a ao amigo. O trio seguiu seu caminho prozeando durante todo percurso (o que não poderia ser diferente com um Prolixo a bordo) e logo chegou ao seu destino: o Cervejarium (é bastante incomum o nome do próprio local ser indicado nessas crônicas, mas o nome dessa taverna já é, por si só, bastante incomum, interessante e apropriadíssimo). As prateleiras do estabelecimento ostentavam seu vasto repertório de fermentados maltados e alguns outros espíritos etílicos deslocados do contexto. O ambiente era bastante aconchegante, com aspecto rústico e despojado.

Os taberneiros receberam bem o grupo, cumprimentando o Alquimista Prolixo pelo nome, uma vez que este era um freqüentador assíduo, comparecendo em todos os dias dedicados a Selene. Essa notoriedade se mostraria bastante vantajosa durante todo o evento. Acomodaram-se e logo pediram dois copos de fermentado de trigo da casa (Lírica não apreciava esse tipo de bebida). O Equilibrista não achou ruim, mas declarou que o sabor precisava ser aperfeiçoado, pois não deixava o gosto residual característico das
Weiß.

Chegaram petiscos e um coquetel feito com fermentado de cevada como ingrediente principal. Essa bebida não constava no rol daquelas oferecidas pela taverna, mas era um segredo conhecido por um seleto grupo de fiéis à casa (1ª vantagem).

Um tipo de cerveja de alta fermentação raro naquela cidadela havia chegado recentemente, o que foi informado ao Alquimista Prolixo, que imediatamente pediu para serem colocados dois recipientes em adequação térmica (2ª vantagem).

Súbito, o dispositivo móvel de interface auditiva provisório (Aço Negro ainda estava em reparos) do Equilibrista anunciou uma chamada: era seu progenitor, indagando o paradeiro do grupo e avisando uma futura interface do Boina de Açafrão. Logo após finalizar a interface, a profecia se realizou: era seu amigo discípulo de Hipócrates desculpando-se por não poder comparecer. O bardo lamentou a ausência do confrade pedindo uma outra variedade de
Weiß: desta vez, de uma tradicional escola desse néctar turvo, mas que ainda não havia provado. Sublime! Deliciosa! Perfeita! Foram os três adjetivos que vieram à tona simultaneamente, como as bolhas que chegavam ao colarinho. Era uma experiência que merecia ser compartilhada com toda a confraria. O Equilibrista estava tão absorto absorvento aquele divino líquido dourado que nem percebeu a aproximação do Toreador, que veio desacompanhado de sua esposa. Chegara na melhor hora possível, tendo a oportunidade de provar a mãe de todas as Weiß.

O quarteto pestiscou, bebeu e conversou bastante, passando a revesar-se para aliviar o músculo liso voluntário do líquido em seu interior. Quando chegou a vez do bardo, que geralmente avalia o local para a necessária operação de eliminação do excedente líquido, surpreendeu-se sobremaneira ao vislumbrar a originalidade dos taberneiros para aromatizar aquele ambiente reservado. Realmente, tudo naquela taverna era peculiar. A idéia de usar rodelas de limão e cubos de água sólida era algo genial e divertido (pena que a água não permanecia sólida por muito tempo).

Então, depois de muito escutar o Prolixo Alquimista e de se divertir, o grupo resolveu encerrar a reunião, pedindo a somatória dos itens consumidos. A quantidade absurda de cortesias chegava a ser criminosa (3ª vantagem), e o Alquimista sentiu-se obrigado a pedir por uma elevação no valor da conta.

Como Toreador estava sozinho em sua carruagem, ofereceu-se para levar o Equilibrista até a torre do clã. Durante o trajeto aproveitaram para conversar um pouco mais, o que ocasionou um novo convite: no dia seguinte, último antes do término da translação do cão, o jurisconsulto faria uma visita ao bardo, que prometeu reservar um pouco de
pudim para seu amigo.

continua

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