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segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

A dura realidade

O Equilibrista viu-se num vasto aposento, ocultando-se sob o estrado de um leito que não era o seu. Então, pelo véu que nublava sua visão e pela situação absurda em que se encontrava, concluiu que estava nos domínios de Morpheu, dentro do reino de Hypnos.

Percebendo a presença de um vulto que aparentemente sondava o cômodo, o bardo esgueirou-se como um ofídio na direção de outro leito que também não era o seu. De repente, o solo onírico desapareceu sob seu ventre e, depois de uma breve queda, despertou ao som do impacto de seu corpo com o solo material. A dura realidade fazia-se sentir em seu cotovelo e joelho e trazia os outros sentidos do Equilibrista, além do tato, de volta para ela. Finalmente se deu conta de que estava ao lado do leito que era o seu, no entanto, infelizmente, fora dele.

Aproveitando-se do fato de estar desperto, o Equilibrista resolveu eliminar excedentes líquidos, porém, por ter sido trazido ao plano material tão abruptamente, o aventureiro e seu espírito ainda não estavam completamente unidos, o que atrasava significativamente suas sinapses. Na posição em que se encontrava, o percurso até a área de eliminação seria menor, mas suas sandálias encontravam-se do outro lado de sua cama. Então rolou por cima deste, calçou as sandálias e tentou alcançar seu intento, mas deparou-se com um grande obstáculo: uma almofada cilíndrica, com a largura de seu leito estava caída à sua frente e seu pé, calçado, estava na iminência de pisar nela e assim, sujá-la. O Equilibrista tentou desviar a perna, mas com as sinapses lentas, seu membro inferior respondeu de maneira pouco satisfatória ao comando cerebral pisando em... nada! nem no próprio solo. Resultado: um novo encontro com a dura realidade, que se manifestou, desta vez, como a parede que veio de encontro ao rosto do bardo.

Naquele momento, a nova dor terminou de unir o Equilibrista e seu espírito, que resolveram mudar os planos: ao invés de eliminar líquido, encheram um invólucro polimérico com água sólida e líquida e voltaram para a cama, promovento bastante contato entre o osso zigomático atingido e a bolsa gelada improvisada, permanecendo assim por meio ciclo do relógio, quando atreveram-se a entrar nos domínios de Hypnos mais uma vez.

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1 Conversa(s) na taverna:

Blogger salvaterra declamou:

a dura realidade: talvez só o que haja: excedentes líquidos. a dura realidade: desequilibrista trêbado, é terça, dia de trabalhar.

16/1/07 08:42  

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