Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

A estação de diversão

continuação de Musse de lichia

Quando não havia mais luz do Sol no céu, o Equilibrista partiu para a morada de Daeva, levando consigo um recipiente contendo a musse de lichia, que acabara de ter seu retículo protéico consolidado pela baixa temperatura, e outro menor, com o mesmo conteúdo, separado especialmente para a Rainha Mestiça.

Quando finalmente chegou ao seu destino, o bardo teve que aguardar um pouco para que fosse recepcionado. Daeva logo explicou o motivo da morosidade: estavam todos ocupados e concentrados com um desafio virtual proposto por uma estação de diversão de segunda geração. A tal estação era propriedade da unigênita do Cartomante, mas estava temporariamente confiscada pelo pai. Além da anfitriã e anfitrião-proprietário-interino-da-estação, estavam se divertindo a Leitora Pretérita e Emotivo.

Antes dos cumprimentos, o Equilibrista acomodou o doce na câmara extratora de entalpia local, pois o retículo protéico da musse estava se desfazendo com o calor. Depois dos cumprimentos, Daeva preparou sua nova poção etílica: uma bebida diminuta da zona rural bastante exótica, que levava na sua composição: tangerina, fermentado nipônico de arroz, sacarose finamente pulverizada, canela e pimenta vermelha. Mesmo necessitando de algum aprimoramento (o sabor da canela estava muito acentuado), a bebida foi bastante apreciada. A nota picante dada pela pimenta, misturada ao sabor refrescante da tangerina e à suavidade do fermentado nipônico, era surpreendentemente sublime. O Equilibrista já fazia notas mentais para registrar a receita em seu grimório.

Enquanto o Equilibrista apreciava o coquetel, o Cartomante enfrentava um desafio de coordenação, onde os sensores digitais da estação simulavam um violão elétrico. Tal desafio não chamou muito a atenção do bardo, que achou que aquela simulação seria bastante enfadonha, mesmo sendo ele o desafiante. Mas enganou-se. Quando chegou sua vez de confrontar a simulação, sentiu-se aprisionado naquele mundo virtual, como se a estação tivesse lançado mão da habilidade bárdica de cativar audiências. Mal podia esperar para que sua vez chegasse novamente.

Foi numa dessas lacunas em que o Equilibrista via-se livre da influência cativante que a Rainha Mestiça chegou. Foi recepcionada pela anfitriã e pelo bardo, recebeu as boas-vindas do Cartomante, mas demorou para que fosse cumprimentada pelos outros presentes, pois a Leitora Pretéria e o Emotivo estavam sob o domínio hipnótico da estação. A recém-chegada estava faminta, aflita para provar o tão desejado doce e ficou ligeiramente ofendida por ter disputado a atenção da dupla com uma máquina (e por ter perdido a contenda). Saciou sua fome com uma torta preparada pela Daeva, mas foi obrigada a esperar para poder degustar a musse.

A dupla que fez a Rainha Mestiça esperar logo teve que se retirar, permanecendo o quarteto da Alta Elite da END. O Leão Montanhês também fora convocado, mas não se manifestou nem compareceu.

Depois de muita insistência, a ansiosa amante de lichias conseguiu realizar seu desejo de saborear a tão aguardada musse, a qual não agradou o Cartomante, que indagou se a textura e o sabor do doce seriam semelhantes ao do fluido vetor de gametas masculinos. A Rainha Mestiça, com bastante convicção e propriedade, refutou a comparação, declarando que o doce era muito melhor, mas Daeva parecia discordar da amiga (esclarecimento: a anfitriã não gostou muito da musse. Esse foi o ponto da divergência).

Com os polegares esfolados após várias simulações de artes marcias, o grupo parou de enfrentar desafios gerados pela estação de diversão. Então o ritual de despedida foi realizado. A Rainha Mestiça, além de conduzir o Equilibrista, levaria o que restou da musse, uma vez que foi a única que (supostamente) maravilhou-se com a receita.

Marcadores:

0 Conversa(s) na taverna:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

Voltar à origem