Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Não verás nada!

Há algumas noites, os progenitores do Equilibrista estabeleceram uma interface auditiva com o filho, pois estavam preocupados com seu bem-estar, uma vez que haviam quebrado uma grande superfície refletora e repetiram o feito logo após a substituição do mesmo. Na noite anterior ocorrera a queda do leito. Deveria estar claro que algum acontecimento (suposta e normalmente) chocante estava prestes a acontecer com o bardo (que não fora soterrado na grande cratera que surgira na Cidadela-Capital).

Sem suspeitar de sua sorte, o Equilibrista, feliz com o recente retorno de Aço Negro, embarcou na arca terrestre que o levaria à sua guilda tradicional, localizada próxima à grande cratera. Sentou-se, como de costume, no último assento do transporte e ouvia tranqüilamente cantigas nipônicas digitalizadas que seu dispositivo móvel de comunicação descompilava em decibéis.

O veículo aproximava-se de um templo de louvor ao consumismo quando um passageiro adjacente, de estatura muito elevada e epiderme extremamente ebânea, perguntou sussurrando se o bardo fazia parte da tropa de oficiais da lei. Surpreso com a pergunta e distraído como sempre, o Equilibrista negou. Então, seu vizinho mostrou sua real intenção: ordenou que o bardo mostrasse seu dispositivo de comunicação. O fato, obviamente, despertou a indignação do Equilibrista que, simplesmente recusou-se em um tom elevado, lançando um olhar furioso ao perpretador. Então, o maior infrator mostrou um disparador de projéteis e perguntou àquele pequeno e ousado ser que o fitava encolerizado se estava certo do que respondera.

Fez-se a típica cena em que o mundo parava. Enquanto faíscas saltavam de seus olhos, o Equilibrista considerava diversos fatores e seus pesos: acabara de reaver seu precioso Aço Negro; um meliante ocioso o ameaçava, querendo separá-los novamente; esse larápio portava uma arma de fogo; o bardo não sabia se era autêntica ou um facsímile fajuto; o infrator não estava com o dedo no gatilho. Na verdade, nem o mundo, muito menos o tempo haviam parado, tanto que o bandido tornou a perguntar ao Equilibrista se estava certo sobre o que havia respondido. Então o sangue do bardo ferveu e, mais uma vez, o mundo parou. Em meio à ebulição, várias possibilidades: não sabia se extraía a traquéia do elemento com as próprias mãos (apenas mão direita, mais precisamente), se entregava seu pressssssscioso Aço Negro, ou se gritava denunciando o ladrão. O mundo saiu de sua estase e o aventureiro foi o primeiro a se mover: ergueu-se e encarou o patife de uma posição superior. Surpreendido, o malfeitor também se levantou e, acuado, pôs-se na direção da saída e fez sinal para que o Equilisbrista não fizesse alarde. O bardo continuava encarando-o e decidiu que era melhor consentir do que causar pânico entre os outros passageiros.

O transgressor deixou a arca, descendo em frente ao templo do consumismo e o Equilibrista seguiu seu caminho, indagando-se se não deveria ter denunciado o marginal. Comunicou o ocorrido ao seu amigo Urso Maior, que repreendeu o imprudente aventureiro pela loucura que havia cometido. Mas o Sol resplandecia, o criminoso estava impune e o Equilibrista nem chocado ficara.

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2 Conversa(s) na taverna:

Blogger l declamou:

como é que é? tentaram roubar seu celular??? e como é que a gente vai se encontrar hoje???

17/1/07 11:13  
Blogger Equilibrista Bêbado declamou:

Tentaram, mas não conseguiram! Meu dispositivo de comunicação continua comigo!

E não fiquei traumatizado, chocado ou com síndrome do pânico, então, de minha parte, o evento continua de pé (o único porém é que não consegui comprar Grenadine) ;)

17/1/07 11:21  

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