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terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Condições elevadas de temperatura e pressão

Ah! o calor retornara à Cidadela-Capital, e o Equilibrista, que nasceu na Depressão Escaldante, deveria estar acostumado à elevada entalpia ambiente, mas todos aqueles anos vividos no clima ameno da fortaleza de concreto haviam minado sua resistência a altas temperaturas.

O clima da Capital estava cada vez mais variado, principalmente naquele dia dedicado Tyr: no período entre a alvorada e o zênite, chuva; após o ápice solar, calor extremo. E o metabolismo do bardo se esforçava ao máximo para acompanhar todas aquelas mudanças repentinas.

Durante a fase de alta incidência solar, o Equilibrista, em sua guilda tradicional, sentia suas proteínas lutarem para não sofrerem desnaturação térmica, enquanto seu superior hierárquico não parava de delegar-lhe tarefas. O superaquecido aventureiro estava prestes a conjurar um portal abissal para defenestrar seu incansável algoz. Aquele desconforto térmico era um grande empecilho para o pensamento claro e lógico, imprescindíveis para uma conversa no idioma das interfaces da rede virtual, um dos trabalhos hercúleos sob responsabilidade do Equilibrista, cujas sinapses eram atrapalhadas pela alta vibração de outras moléculas dentro de sua caixa craniana, que mais parecia um caldeirão semi-hermético pressurizado.

Como um passe de mágica, o superior hierárquico resolveu dirigir sua atenção a outros subalternos e o bardo se sentiu um pouco menos pressionado, mas não conseguiu concluir a tarefa que seu chefe julgava fácil e imediata até o fim do expediente.

A volta ao seu reduto foi algo traumatizante. Todo aquele calor, todas aquelas pessoas, todos aqueles feromônios fermentando e o ambiente fechado da arca terrestre. E o Equilibrista, que herdou o olfato aguçado de seu progenitor, sentia-se numa câmara de gás e não entendia por quê alguns seres sencientes repudiavam tanto uma sessão de precipitação artificial ou o uso de uma fragrância eliminadora de odores desagradáveis.

Depois de toda aquela tortura, o agonizante bardo sentiu-se no direito de resfriar seu humor, metabolismo e pensamentos com uma bela taça de esferas de espuma gelada com castanhas, pêssegos em calda e calda de sacarose queimada. Então, sentindo-se um pouco aliviado, o Equilibrista chegou ao seu reduto e submeteu-se a uma longa sessão de precipitação artificial para lavar sua alma e livrar a epiderme do pó e das bactérias fermentadoras.

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