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Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

sábado, 27 de janeiro de 2007

Uma receita da Diva

A Cidadela-Capital estava sendo assolada por constantes ondas de elevada entalpia desde seu aniversário de fundação. Essa condição de alta temperatura favorecia sobremaneira um comportamento indolente do pacato Equilibrista, que, aproveitando-se desses dois fatores - "dia quente e preguiçoso" - resolveu testar, naquele ensolarado dia de Saturno, uma receita divulgada por sua amiga Diva.

O tranqüilo bardo começou a separar os ingredientes, quando se deu conta de que não dispunha de manjericão. Obviamente, o calor e a preguiça não o deixaram sequer cogitar deixar seu reduto em busca das verdes folhas aromáticas. Também estava sem dentes de alho e pensou em substituir as sugestões apimentadas da Diva por um pouco de pó para chili, mas decidiu que não precisava de outro estímulo para fazê-lo suar e que o prato seria mais refrescante do que picante.

Enquanto picava os rubros frutos ricos em licopeno, lembrou-se de um acontecimento recente, quando pretendia saborear um dos mantimentos trazidos pelas irmãs de seu progenitor: um caldo de feijão negro com proteínas animais diversas, e, para acompanhá-lo, precisaria fazer um vinagrete. Então, depois de fracionar o fruto rubro em cubos e adicionar sal, cebola, pimenta, vinagre e azeite, viu que a mistura estava relativamente seca. Estabeleceu uma interface auditiva com sua progenitora para indagar se havia necessidade de adicionar água ao acompanhamento. A experiente alquimista culinária explicou pacientemente para seu aprendiz que a presença do sal faria com que o fruto liberasse líquido. O filho estava cético, mas respeitou a sabedoria materna e ficou observando o recipiente com a mistura. Foi então que líquido começou a surgir no fundo da cuia de vidro! O Equilibrista estava estupefato. Era o milagre da hidrogênese!

Com a consciência de volta ao contínuo temporal em que seu corpo físico se encontrava, o bardo terminou o fracionamento dos tomates e adicionou sal e pôs-se a observar, novamente, aquela água brotar do nada. Acrescentou os demais ingredientes e deixou aquela mistura vermelha descansando e liberando mais líquido, enquanto amolecia faixas helicoidais de massa em água fervente. Quando ficaram prontas, o Equilibrista, lembrando-se das instruções da amiga, descartou rapidamente a água e juntou a massa ainda quente aos cubos vermelhos e suculentos, que teriam seu licopeno ativado pela elevação da temperatura. O prato para dias quentes e preguiçosos ficara pronto.
Foi uma experiência gustativa fantástica, que poderia ter sido ainda melhor com alho e manjericão. Então, naquele dia quente, o Equilibrista continuava preguiçoso, mas também estava satisfeito com o repasto e muito grato à sua amiga, que compartilhava seus profundos conhecimentos, principalmente os culinários.

1 Conversa(s) na taverna:

Blogger l declamou:

A Diva exercita seu maxilar esticando-o de orelha a orelha, toda contente em poder ser útil a tão nobre amigo!!!!

28/1/07 11:48  

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