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Cante como se ninguém estivesse ouvindo
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sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Comendo curry com calor

Na manhã do dia em que se comemorou o quadringentésimo quinquagésimo terceiro ano da fundação da Cidadela-Capital, o Equilibrista acordou disposto a reduzir um pouco o caos instaurado em seu reduto.

Começou tornando seu móvel estofado catalisador de letargia um local com lugares disponíveis para se sentar, mas isso comprometeu a possibilidade de utilizar parte de seu leito. Depois começou a eliminar material particulado de móveis, do assoalho e de objetos diversos, principalmente dos seus adornos metamorfoseáveis tão desejados pela Diva.

Aproveitou para utilizar um dos itens que recebeu das irmãs de seu progenitor: uma película polimérica impermeável para cobrir seu sustentador retangular de objetos. A diferença visual era quase imperceptível, pois a película era transparente, mas a praticidade seria enorme, visto que acidentes com líquidos coloridos em cima do sustentador (que eram freqüentes) não obrigariam a troca imediata do tecido que o cobria.

Acomodou vários dos novos utensílios em compartimentos no laboratório de alquimia culinária e outros no interior de um armário, mas foi necessária uma nova configuração dos itens previamente ali alocados (desde então, era necessário abrir as portas do armário com a maior cautela, a fim de evitar um colapso da estrutura interna, cujo equilíbrio era muito instável).

Toda essa atividade em nome da ordem deixou o Equilibrista cansado e entediado, e o aventureiro resolveu descansar. Foi quando estabeleceu uma interface auditiva com o Urso Maior, que propôs fazerem seu repasto do zênite solar juntos naquele feriado, pois queria muito saborear um prato picante indiano niponizado e um estabelecimento provedor dessa iguaria muito apreciado por ambos ficava próximo ao reduto do bardo. Sem hesitar, o Equilibrista aceitou o convite e continuou descansando.

O dia estava quente, e houve precipitação pluvial efêmera, e o Sol voltou a brilhar, e o Urso Maior anunciou sua chegada, e o Equilibrista deixou sua morada.

Encontraram-se na caverna de transportes subterrâneos mais próxima do Equilibrista, que controlava sua irritação por estar enfrentando aquela multidão de transeuntes sem destino e sem pressa para poderem alcançar o estabelecimento-alvo.

A dupla chegou, fez seu pedido e se regozijou com aquele fascinante prato de aroma e sabor bastante peculiares. Essa iguaria tinha a característica de estimular as glândulas sudoríparas. O alto nível de entalpia ambiente naquele dia, também. Caso o aventureiro, cujas referidas glândulas não são nem um pouco indolentes, não tivesse pedido água gelada gaseificada em detrimento da sua tradicional infusão de ervas, provavelmente seria acometido de uma desidratação severa.

Os dois amigos conversaram animadamente durante a refeição, sendo o assunto principal os vários temperos dos diversos acompanhamentos servidos e, como ambos não tinham outros planos para aquele dia ocioso, o Equilibrista sugeriu que se deslocassem para seu reduto, onde continuaram conversando e se divertindo até o dia terminar.

0 Conversa(s) na taverna:

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