Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dias felizes

Desde o início da translação solar atual, o aventureiro semi-escravizado estava passando por sucessivos testes de paciência devido a mudanças no sistema tributário da federação e, também, a modificações no sistema de informação de sua guilda. Isso estava afetando ainda mais seu temperamento, outrora (há muitos e muitos anos...) dócil e gentil: o Equilibrista estava se tornando um ser de puro ódio e irritação.

Mas algo inesperado aconteceu: pelo capricho (e piedade) dos deuses, o então-violento bardo veio a conhecer o Imperador através de alguns interesses em comum. Graças a esse novo amigo educado e cortez como poucos, o Equilibrista adquiriu uma nova habilidade: a da concatenação de peças poliméricas para montagem de autômatos humanóides articulados. Não por acaso, o novo grande amigo do aventureiro possuía um entreposto comercial onde conjuntos dessas peças estavam disponíveis e foi lá que comprou seu primeiro (e até agora, único) autômato humanóide articulado. Também foi no entreposto que conheceu o Mártir, amigo e sócio do Imperador, aparentemente mais calado, mas com o mesmo refinamento e educação de seu amigo. E essas características de ambos chamaram muito a atenção do Equilibrista, que passou a admirá-los e tê-los como exemplo de indivíduos civilizados. Essa admiração logo tornou-se um vínculo de amizade, que se desenvolveu rapidamente entre eles. O que mais impressionava o Equilibrista era o efeito que seus novos amigos tinham sobre ele: era como se estivesse recuperando o controle sobre seu lado regido por Marte e suas energias estivessem sendo recarregadas - tal qual costuma acontecer quando reencontra velhos e queridos amigos ou passa alguma temporada em contato intensivo com a natureza. E era como se realmente tivesse reencontrado amigos queridos que há muito não via, pois sentia-se à vontade com eles - tão à vontade que desatinava a falar, no mundo real, com a mesma proporção em que escrevia no virtual, o que é extremamente raro de acontecer. Tão incomum quanto, é o desconfiado aventureiro depositar sua confiança tão intensa e rapidamente em alguém; e foi o que também aconteceu: o precavido Equilibrista emprestou-lhes, de uma só vez, três de seus itens mais preciosos! Um fato sem precedentes e que, provavelmente, não tornará a se repetir com outras pessoas. E essa inesperada amizade estava deixando o Equilibrista muito feliz.

Coincidência ou não, desde que "reencontrou" esses novos amigos, os antigos, de diversas fases ou facções, retornaram ao cotidiano do bardo: ocorreram várias reuniões com a Facção Filantrópica; jantou oden com Devil e Bowie numa fria noite de inverno; hospedou o estimado Toreador em seu reduto; serviu, novamente, seu Daikiri à Rainha Mestiça - e ainda inovou com a introdução do Cosmopolitan-; e, o que também estava contribuindo muito para a restauração do bom humor do Equilibrista: voltou a ver, com freqüência, seu grande amigo Urso Maior, uma das poucas pessoas de quem o bardo realmente sentia falta. E estes tão preciosos retornos estavam deixando o Equilibrista muito feliz.

Por mais que esse complexo bardo se ache racional e auto-suficiente, é graças aos seus queridos amigos que seu temperamento muitas vezes melhora. A simples presença ou palavras destes são capazes de tornar seu dia mais árduo numa agradável projeção altamente interativa: na noite anterior, o Equilibrista encotrou-se com o Imperador e com o Mártir para conversarem e jantarem juntos. A companhia dos dois foi, como sempre, agradabilíssima e o efeito de energização positiva prolongou-se durante todo o dia seguinte, o dia dedicado a Odin, o mais desgastante para o aventureiro, no qual tem que tomar conta da guilda sozinho. E, para melhorar ainda mais o dia, o Urso Maior fez uma visita surpresa ao já bem-humorado Equilibrista, que, mesmo esgotado fisicamente, conseguiu deixar a guilda e retornar ao seu reduto com um radiante sorriso estampado em seu rosto.