Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

sábado, 7 de julho de 2007

Ansiedade em dobro

continuação de A euforia que precede a frustração

As novas chaves templárias ainda não haviam chegado, e o Equilibrista estava apreensivo por causa delas. Mas não eram apenas esses objetos retangulares que estavam sendo esperados pelo bardo: cobiçando o novo brinquedo da Tecnocrata, o otimista aventureiro cadastrou-se no sítio virtual de um provedor de serviços de interface auditiva móvel concorrente do seu atual, visando unicamente o desconto que seria concedido na "troca" de operadoras num aparelho novo.

No dia seguinte do que fez as solicitações templárias, o Equilibrista recebeu um chamado de um representante da operadora concorrente, que ofereceu um dispositivo inferior ao Aço Negro totalmente gratuito. Obviamente, o exigente bardo recusou a proposta e declarou que seu interesse era exclusivamente no modelo superior em resolução de captura de flagrantes. O representante tentou um outro modelo, de resolução igual à do Aço Negro, mas o Equilibrista estava indissoluto. Desejava, ou melhor, estava obsecado apenas pela evolução de seu dispositivo móvel de interfaces auditivas. Percebendo que suas tentativas de persuadir o teimoso aventureiro seriam inúteis, o representante informou que o modelo ao qual o novo-cliente-potencial aspirava não estava mais disponível para essa transação.

Então, calmamente, o frustrado Equilibrista agradeceu a atenção do pobre rapaz que perdeu a chance de avançar em suas metas e instruiu-o para contactá-lo novamente quando o aparelho estivesse disponível novamente. Mas por dentro, ele estava gritando, com vontade de jogar algo através da redoma de vidro que o escondia na torre de observação de sua nova guilda.

Em seu desespero, entrou em contato com a Tecnocrata, que não pareceu muito solidária, nem muito inclinada a vender seu dispositivo para o aflito bardo.

Mas nem tudo estava perdido: com a chegada do novo acumulador de dívidas, a aquisição do tão desejado aparelho seria iminente.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A euforia que precede a frustração

Naquele dia, o Equilibrista almoçou rapidamente. Tão rápido que voltaria cedo demais para sua guilda. Então decidiu resolver um problema que o atormentava de tempos em tempos: o circuito identificador de sua meia-chave templária nem sempre era lido pelos terminais de acesso, fazendo a troca de todo o conjunto necessária. Como havia um posto avançado templário nas proximidades, o tranqüilo bardo solicitou a troca.

A supervisora templária que o atendeu, sugeriu uma troca maior ainda: transferir a base das movimentações monetárias da cidade natal do Equilibrista para onde residia atualmente. Este ato faria a troca da meia-chave obrigatória e o tempo para a chegada da nova seria o mesmo, além de todas as vantagens que essa mudança poderia trazer (yada, yada, yada...). Apoveitando que uma potencial vítima, ou melhor cliente, mostrava-se interessado no que ela tinha para oferecer, a supervisora ainda notificou que havia um acumulador de dívidas de uma outra bandeira disponível, com limite de transações maior do que o atual, com anuidade com desconto e yada, yada, yada...

O Equilibrista, que já havia aprovado a troca da base de movimentações, aceitou o novo acumulador (já tinha planos para uma futura aquisição dessa nova ferramenta), mais pelo limite maior (falência à vista...) do que pela publicação mensal gratuita (por 6 meses) que receberia. E já que estavam falando de limite, o empolgado bardo aproveitou para pedir um aumento para seu acumulador atual. Acertou todos os detalhes que faltavam, autorizou as duas propostas eletronicamente (ah, as maravilhas da tecnologia... não era à toa que a caligrafia do bardo estava piorando tanto) e saiu todo feliz do posto avançado.

Nisso, todo o tempo livre se esgotou e a pausa prandial do Equilibrista avançou para o período laboral (felizmente seus superiores hierárquicos não se atêm a esses detalhes). Naquele dia, o bardo trabalhou com mais afinco, pois em poucas rotações de sua orbe em seu próprio eixo, receberia mais retângulos poliméricos que tanto corroem suas economias.
continua
(Saudade? Esses instantes de euforia não deixavam muito espaço para tais sentimentos)

terça-feira, 3 de julho de 2007

Desventura reprisada

O outro reencontro do fim de semana do Equilibrista foi com a END. Esse já havia sido marcado com alguma antecedência, meio a contragosto do bardo, que queria antecipar o encontro.

No dia marcado, o aventureiro passou várias horas em isolamento total, enquanto assistia a uma série interia de animações nipônicas. Essa série, realmente foi digna da anteção do Equilibrista, que teria se atrasado ao compromisso, caso tivesse mais episódios (o nome da série é Death Note).

Como na ocasião da convocação para a reunião havia uma certa indefinição quanto ao local (apenas a data havia sido fixada), o Equilibrista sugeriu uma taberna relativamente próxima à sua morada, pois era um ponto de encontro histório para o grupo: foi onde ocorreu o primeiro encontro físico de seus membros fundadores (dos quais, a Rainha Mestiça é a única remanescente).

O pontual Equilibrista resolveu que não queria chegar no horário determinado, uma vez que essa qualidade era cada vez mais rara e o bardo não queria ficar numa taberna sozinho, guardando vagas em uma mesa num lugar que, provavelmente, ficaria lotado. Então chegou pontualmente quinze minutos atrasado e, para sua surpresa, a Rainha Mestiça já estava no local. Felizmente, ela não estava sozinha (é muito enfadonho não ter ninguém para conversar enquanto se espera em uma taberna): a Invulnerável estava com ela. As duas indagaram ao bardo (depois de se cumprimentarem) se ele não estava sentindo um odor de carne em putrefação. No primeiro instante, seu olfato aguçado apenas detectava a fragrância de cevada fermentada, mas uma lufada de vento trouxe um cheiro desagradável, mas que foi esquecido no decorrer do encontro.

O Equilibrista notou que a Rainha Mestiça estava com um ar de profunda insatisfação e logo perguntou se ela estava naquele período de fúria assassina que as portadoras de duplo X férteis passam uma vez por mês. Então ela narrou sua triste desventura daquela tarde: havia sido vítima de um gatuno. Mudaram de assunto. Beberam. E mais dois membros chegaram: o Cartomante e Daeva (agora na versão morenos: Daeva cansou-se das madeixas douradas e deixou-as como breu e o Cartomante fez uso do restante da poção escurecedora).

A desventura da Rainha Mestiça foi narrada novamente. Mudaram de assunto. Beberam. Comeram. E um membro honorário chegou: a Espanhola (ainda loira). O Cartomante falou sobre sua viagem para a Terra do Sol Nascente e todos os percalços e desafios pelos quais passou. O grupo sentiu a falta de alguns membros: o Rabino Hippie (e sua companheira, Primavera) e o Leão Montanhês. Então a Rainha Mestiça tentou estabelecer uma interface auditiva com o primeiro e o Equilibrista, com o segundo. Apenas o bardo teve sucesso, mas no final, o Rabino Hippie compareceu e o Leão Montanhês, não.

Com a chegada do Rabino Hippie, de Primavera e de sua irmã, a sessão de viradas de tequilas começou. Então a Rainha Mestiça narrou sua desventura novamente. Mudaram de assunto. O Rabino Hippie pediu para o Cartomante contar sobre sua viagem à Terra do Sol Nascente (mas este cronista, que já não estava mais prestando muita atenção a todos os detalhes, não se lembra se o pedido foi atendido ou não). Beberam. A Invulnerável se retirou. Beberam. Beberam. Comeram. E a Rainha Mestiça já estava bem mais alegre e sorridente.

Interlúdio: num certo momento, o quando Equilibrista foi eliminar resíduos líquidos, este viu seu reflexo e constatou, em voz alta, que sua pele havia adquirido uma tonalidade avermelhada (o que era raro de acontecer). Então, um desconhecido que assemelhava-se ao fruto mais confundido com um legume, ensinou uma fórmula para evitar o rubor facial: um copo de azeite e um pouco de sal! Primeiro pensamento do Equilibrista: seguir essa receita significaria passar o dia seguinte sentado na poltrona de porcelana, pois além do desarranjo característico da cevada fermentada, ainda haveria o azeite para terminar de liberar o aparelho digestivo. Segundo pensamento do Equilibrista: por que, então, o sábio beberrão estaria tão vermelho? O bardo agradeceu, lavou as mãos e voltou para seus amigos. Fim do interlúdio.

No fim da noite, a Rainha Mestiça era a simpatia encarnada, toda sorrisos, tendo, aparentemente, se esquecido do revoltante acontecimento do dia anterior. Obviamente, era o efeito de companhias tão agradáveis, com um leve estímulo etílico. O Cartomante e Daeva conduziram-na à sua morada e voltaram logo em seguida. Então, os seis sobreviventes encerraram a noite de um modo que estava se tornando uma tradição: no estabelecimento especializado em pão prensado recheado com embutido vermelho (na outra ocasião, também era um sexteto - coincidência?).

Recontagem: foram sete os sobreviventes (Equilibrista, Daeva, Cartomante, Espanhola, Rabino Hippie, Primavera e a irmã da Primavera)



PS.: Mesmo assim, com tantos reencontros, a saudade continuava...

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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Suflês e Cifrões

O fim de semana que passou foi de reencontros.

Começou na noite do dia de Vênus, quando o Equilibrista encontrou-se com amigas da sua turma da academia de Tecno-Alquimia. Foi um compromisso marcado repentinamente e o bardo confirmou sua presença mais pela emoção do que pela razão: o local combinado era cotado com 4 marcas de periculosidade financeira (a máxima), mas fazia tempo que não via suas ex-colegas de turma e estava com vontade de comer suflês.

O encontro foi confirmado por apenas 3 membros da Facção Filantrópica: Antares, Tecnocrata e o Equilibrista. Ficaram sabendo mais tarde que Vítima se uniria a eles para a sobremesa.

Foi uma noite agradabilíssima. Comeram muito e beberam muito pouco. Para a entrada, couvert com torradas e foie grás, uma geléia muito saborosa de ingredientes desconhecidos e manteiga. Para o prato principal, escolheram suflês de camarão com alho poró e cogumelos paris; de brie; e de frutos do mar com chutney de manga (o chutney combinou muito com os camarões do suflê do Equilibrista). Como o preparo dos suflês doces era demorado, o taberneiro alertou-os para já fazerem suas escolhas (embora Antares, uma habitué do estabelecimento, já tivesse comunicado essa peculiaridade aos demais, então todos já estavam decididos). Foram dois de chocolate (sendo um para a Vítima); um de cupuaçu; e outro, de frutas silvestres. O trio já havia terminado os salgados e o taberneiro avisou que os doces já estavam prontos. Como a Vítima ainda não havia chegado, pediram para que ainda não fossem servidos. Esperaram mais um pouco e nada. O taberneiro veio avisar novamente, pois se os suflês ficassem muito tempo sendo aquecidos, acabariam queimados. Então liberaram a vinda de todos, menos do da Vítima. O trio terminou a sobremesa e a última confirmada da noite finalmente chegou. Foi saudada pelo taberneiro, que já a conduziu rapidamente à mesa, pois seu suflê estava a ponto de sair do ponto. O jantar foi arrematado com um delicioso Earl Grey (o favorito do Equilibrista) e a Tecnocrata aprendeu algumas técnicas de infusão de chás com a Vítima. Riram muito, como é de costume nos encontros da Facção Filantrópica e, como sempre, a Tecnocrata troxe uma nova geringonça: o próximo passo evolutivo do Aço Negro. Obviamente o Equilibrista, que já cobiçava o artefato, depois de ter contato físico com o mesmo, colocou sua aquisição no topo de suas prioridades.

Resolveram encerrar o encontro e pediram a conta. Se assustaram um pouco com ela e constataram que haviam cobrado um suco a mais. No entanto, perto do total, um mísero suquinho não faria diferença alguma, então deixaram por estar e se despediram.

O saldo da noite foi positivo em todos os aspectos, exceto, é claro, no financeiro.

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