Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

domingo, 31 de dezembro de 2006

Uma visita inesperada

Na célula habitacional da Absorta, o Equilibrista encontrou-se com as irmãs de seu progenitor e outra prima sua, Violeta.

Fez um rápido reconhecimento da área e sentou-se à mesa para saborear alguns quitutes.

O irmão de seu progenitor chegou em seguida, acompanhado de sua cônjuge e de uma amiga da Absorta, oriunda da cidade que habitavam. Trouxeram mais quitutes, mas o Equilibrista foi incumbido pelo seu tio de traçar rotas até o local do baile, o que o impediu de saboreá-los naquele instante. Depois de algum tempo pesquisando na teia mundial binária, seu tio alegou que sabia o melhor caminho, o que deixou o bardo muito contente. Seu tio também havia solicitado que o Equilibrista encontrasse uma taverna para todos se regozijarem e se confraternizarem ainda em comemoração, o que foi iniciado naquele dia, mas seria finalizado no seguinte.

Súbito, os recém-chegados e a anfitriã deixaram o recinto(!). Absorta e sua amiga iriam esculpir seus fios de queratina e seus tios, tirar o pó da viagem e repor suas energias.

O Equilibrista sentou-se novamente à mesa para fiinalmente ingerir os quitutes que seu tio trouxera, pois entre eles havia pães alongados recheados de planta-ovo e frutos ricos em licopeno secos – combinação dificilmente resistida pelo aventureiro.

Satisfeito e de posse dos pergaminhos-chave, insinuou que pretendia retornar à sua morada, o que foi a deixa para uma de suas tias visitantes anunciar que desejava conhecer a residência do Equilibrista naquela mesma ocasião. Surpreendido, tentou, em vão, convencê-la a adiar a empreitada para o dia seguinte (afinal, ainda restavam muitos ciclos do relógio até o baile, o bardo precisava limpar sua epiderme, trocar as vestimentas - coisas que preferia fazer no conforto do isolamento), mas sua tia mostrava-se irredutível.

Percebendo que não haveria outro jeito, o Equilibrista consentiu e ele e sua tia partiram rumo à morada do bardo, com uma vantagem que ele não previra: para evitar desgaste físico, sua tia achou melhor contratar uma carruagem de praça para leva-los até a caverna de trens subterrâneos.

continua

Marcadores:

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Em busca dos pergaminhos-chave

O último mês desta translação, apesar de triste, teve muitas festividades.

Uma (na verdade, várias) delas foi motivada pela conclusão do primeiro nível acadêmico de uma prima do Equilibrista, conhecida por Absorta. Foram essas comemorações que trouxeram as irmãs do progenitor do intrépido bardo à cidadela-capital (e a notícia de que elas se hospedariam em sua morada, reduziu sua expectativa de vida em alguns ciclos solares, mesmo que tal decisão tenha sido revogada mais tarde).

O irmão do Equilibrista Bêbado, o Anestesista Sádico, anunciou que também participaria do glamouroso baile de gala, a última etapa das comemorações, juntamente com sua companheira Ebifóbica.

Como no evento haveria uma miríade de pessoas se acotovelando para entrar, sair, perambular, ou simplesmente ficar estática no meio do caminho no salão do baile, Absorta achou melhor que o Equilibrista tivesse em mãos, com antecedência, os pergaminhos-chave que permitiriam sua entrada, assim como de seu irmão e futura irmã-em-lei (por extrapolação, ou especulação). Então o aventureiro partiu rumo à torre de sua prima, sendo esta a segunda visita que faria a ela em apenas cinco translações, e a primeira desde que ela se mudara para aquela célula habitacional.

Chegou ao seu destino com presteza, pois ambos moravam próximos a cavernas de transportes subterrâneos de alta velocidade (mas o Equilibrista ficou preocupado com o retorno, pois a morada de sua prima não era tão próxima assim e seria uma subida ligeiramente íngreme). Mal o Equilibrista anunciara sua chegada ao guardião dos portões quando surpreendeu-se ao deparar com Absorta bem ao seu lado.

Subiram juntos e ela começou a relatar as aventuras de suas tias na grande cidadela. Quando Absorta acionou o dispositivo de deslocamento vertical, o Equilibrista se deu conta de que pedira para anunciá-lo à célula habitacional errada, pois havia uma diferença de uma ordem de grandeza no andar referente ao botão pressionado e àquele que o bardo possuía em suas anotações.

continua

Marcadores:

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Um breve adeus

Eu me lembro, eu me lembro do dia seis de dezembro
Carinho, devoção e esperança
Não vejo razão para que uma triste emoção
Torne amarga sua lembrança

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

O segundo silêncio

Terminados os fartos pratos principais, era necessário um hiato antes da sobremesa.

Nesse ínterim, Tecnocrata exibiu alguns momentos imortalizados registrados em películas fotossensíveis. Sim, uma relíquia em se tratando da vanguardista, que há muito tempo abandonara essa forma de armazenamento de imagens. O rolo sensibilizado foi encontrado durante sua mudança de domicílio, que foi realizada por motivos misteriosos. Segundo a avaliação dos imortalizados, aquelas cenas deveriam datar de, pelo menos, 4 translações anteriores: o cabelo da R.P. era diferente e ela ainda não compromissara-se com o Mecatrônico e o Equilibrista parecia anoréxico se comparado com seu estado de massa corpórea mais recente.

O Mecatrônico mostrou sua nova aquisição tecnológica: um irmão gêmeo de Aço Negro e Primogênita, doravante, Caçula. Como todo proprietário do modelo, era todo elogios. Infelizmente, isso causou uma certa tristeza ao Equilibrista, pois este estava separado de seu Aço Negro há quase dois ciclos lunares. Seu fiel dispositivo móvel de comunicação necessitava de reparos e foi deixado em um ferreiro eletrônico autorizado. Alheia ao sofrimento do Equilibrista, a Tecnocrata mostrou que também fizera uma nova aquisição: um modelo de outra classe, porém com mais resolução de imortalização do que sua antiga Primogênita.



Passaram, então, a falar sobre modelos, classes, rupturas financeiras de provedoras de conexão dos dispositivos móveis e outros assuntos relacionados à tecnocracia. O Mecatrônico, a Tecnocrata e o Equilibrista, que falavam com entusiasmo, notaram que os tópicos não eram interessantes às outras três presentes e tentaram, então, mudar o rumo da conversa. Fez-se, assim, o segundo silêncio.

Sentindo que os nutrientes ingeridos estavam melhor acomodados, animaram-se para pedir a sobremesa. Mas apenas metade do grupo apresentava ânimo para os derradeiros pratos da noite. Tecnocrata e Antares dividiriam a sobremesa que os atendentes adoravam explicar e o Equilibrista mataria sua saudade da adorada torta de creamcheese, mas inovaria na cobertura: pediu o gigantesco cheesecake, mas com cobertura de caramelo ao invés da de framboesa.

Antes das sobremesas, chegou Sonâmbula (!), que alegou já ter feito sua refeição e que não comeria nada lá (!!). Viu os recém-revelados momentos imortalizados pela Tecnocrata e conversaram por mais um tempo.

Todos estavam satisfeitos, alegres e tristes (essas sensações que só quem se fartou deliciosamente conhece) quando deram o encontro por encerrado e partiram em suas carruagens movidas a combustão interna.

Marcadores: ,

O primeiro silêncio

A primeira cebola em flor estava quase no fim quando a Tecnocrata se juntou ao grupo. Poucos dozeavos do relógio haviam transcorrido até a chegada de R.P. e Mecatrônico, mas a cebola já fora integralmente consumida.

O trio recém-chegado pediu a segunda, que não foi tocada pelos três mais adiantados, pois estes queriam reservar espaço em seus celomas para os maravilhosos e bem servidos pratos da casa, assim como para a sobremesa.

R.P. comentou que o casal sereno talvez compareceria, assim como a Sonâmbula. A progenitora de LeeLoo recuperava-se em uma fortificação medicinal há mais de um ciclo lunar, então a maioria achava que a presença de sua amiga seria pouco provável, mas R.P. contrariou essa idéia, alegando que LeeLoo queria passear um pouco com seu rebento. No entanto, a espectativa majoritária se mostrou a mais correta.

Uma cena inusitada: para a surpresa de todos, Antares sacou, de sua sacola, o recipiente sesquilítrico para saciar sua sede! Obviamente todos especularam se ela também não teria trazido uma caixa contendo mantimentos sólidos prontos para o consumo.

Terminada a segunda cebola, foram pedidos os pratos: as irmãs compartilharam um prato de massa alongada e achatada e um de pescado fluvial; a Tecnocrata preferiu uma sopa e salada; R.P. e Mecatrônico dividiram uma enorme porção de carne da caixa toráxica suína; e o Equilibrista pediu um corte maturado com cevada e molho inglês, novidade no cardápio.

Fez-se um período de silêncio enquanto o sexteto regozijava-se.

continua

Marcadores: ,

A espera pelo Ketchup

A noite da confraternização da Facção finalmente chegara. O Equilibrista dirigiu-se à guilda das irmãs Vítima e Antares no horário combinado, mas teve de aguardar até que as duas terminassem de encaminhar seus afazeres (que não eram poucos).

Depois de terminar as tarefas, lacrar hermeticamente os acessos à guilda, trocar amenidades verbalmente com uma habitante adjacente, abrir todos os acessos à guilda hermeticamente fechados para apanhar uma brochura que Vítima havia esquecido e trancar tudo novamente, partiram, então, com Antares levando consigo uma coletânea de notícias impressa em celulose de baixa gramatura e uma garrafa sesquilítrica contendo o solvente universal.

Chegaram ao estabelecimento típico australês sem maiores problemas, mas Vítima não gostou de algo no serviço de relocação e logística de carruagens movidas a combustão, e "deixou de ser simpática" com os prestadores do serviço.

Ainda haviam de chegar R.P.; seu consorte, Mecatrônico e Tecnocrata. Como Antares e o Equilibrista careciam de sustância, resolveram pedir a famosa cebola em flor enquanto esperavam. O trio estranhou a falta de um recipiente de condimento agridoce rico em licopeno, tradicional em todas as casas da franquia, então solicitaram-no a uma atendente, que não era o oficial da mesa, pois este havia desaparecido.

Haviam consumido quase metade da cebola, mas o condimento ainda não chegara. Vítima ameaçou "deixar de ser simpática" e sua irmã reclamou com alguém que parecia ser a gerente. A suposta gerente acionou seu comunicador de ondas de curta distância para pedir providências (o grupo estava no primeiro andar, e suspeitou que tal procedimento seria utilizado por ela para evitar o esforço de descer e subir novamente as escadas). Em poucos instantes um pote cerâmico contendo o condimento foi trazido à mesa. Em seguida, aquela atendente trouxe outro pote com igual conteúdo. Coincidentemente (ou não), o atendente oficial passou a visitar a mesa com mais freqüência.

continua

Marcadores: ,

Outback or not Outback

Para que o ano do cão não terminasse sem festividade alguma, Vítima, R.P. e Tecnocrata combinaram de se reunírem em um estabelecimento de estilo australês para carnívoros. Vítima, sabendo da profunda devoção do Equilibrista à referida taverna, estendeu-lhe o convite, mas este não sabia se poderia comparecer ao encontro. O motivo: algumas irmãs de seu progenitor anunciaram que se alojariam em sua morada durante quase uma fase lunar (essa notificação deixou o Equilibrista em choque durante algumas rotações, pois não imaginava como proceder para acomodar quatro visitantes em seu singelo lar).

Com saudades de suas amigas e da maravilhosa comida (em especial, da sobremesa) do estabelecimento, o bardo estava a ponto de deixar as visitantes em sua morada e ir aproveitar o repasto vespertino, mas estas comunicaram-lhe que foram convidadas a permanecer em outro local - o irmão de seu progenitor intimara suas irmãs a se instalarem na morada de sua filha, a fim de deixar seu até-então-desesperado sobrinho à vontade.

Havia, porém, outro motivo que pesava na decisão do aventureiro: a progenitora de um caríssimo amigo seu transmigrara para o plano espiritual há pouco tempo e o Equilibrista solidarizava-se com ele.

Como o ânimo do amigo mostrava-se um pouco melhor, o Equilibrista decidiu render-se aos prazeres da gula com o pretexto de rever as colegas de Facção (e vice-versa).

continua

Marcadores: ,

O cripto-filos cancelado

Duas tradições da Facção Filantrópica não foram realizadas no ano do cão: o fondue anual e o cripto-filos. Há muito tempo, a Tecnocrata previa a cisão do grupo, mas jamais a sina esteve tão perto de ser cumprida.

Muitos dos membros da Facção estiveram presos em suas guildas para cumprir suas obrigações, o que poderia ser uma explicação para seu comportamento ostracista.

O Casal Sereno trouxe ao plano material seu herdeiro, o que modificaria sua rotina, diminuindo consideravelmente sua disponibilidade.

As irmãs Vítima e Antares implementavam modificações em sua guilda, o que as deixou em um estado de tensão permanente. Vítima ainda tornou-se dependente de endorfina e fez novas amizades, ligeiramente (eufemismo imensamente presente) mais fúteis que seus colegas de Facção.

O Equilibrista passou por seu período altamente misantropo, o que reduziu drasticamente seu contato com seres de sua espécie.

O cripto-filos chegou a ser sorteado quando da visita inaugural à torre do Casal Sereno, mas como não foi encontrada nenhuma data que possibilitasse a presença de todos os membros para a troca de artefatos, decidiu-se pelo cancelamento do evento.

No entanto, os membros mais disponíveis resolveram se confraternizar para comemorar o término da translação.

continua

Marcadores: ,

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Assistindo e Aprendendo

Ainda refletindo sobre os acontecimentos desta revolução prestes a terminar, o Equilibrista recordou-se de algo que transformou seu desjejum.

Ao assistir a uma película digitalizada sobre a luta de um homem pela liberdade e contra um regime autoritário, uma cena em que o Valente protagonista preparava uma torrada em uma frigideira despertou a curiosidade do Equilibrista que, antes do término do dia seguinte, através de T-L, consultou o Oráculo Binário em busca da receita. O Oráculo prontamente exibiu várias fontes que listavam os ingredientes e o modo de preparo.

Os ingredientes eram bastante simples: uma fatia de pão de forma, uma elípse embrionária galinácea e muita emulsão sólida láctea (tão simples que este magnífico prato chegou a ser chamado de "pão com ovo"). A emulsão na panela fazia aquele adoravél ruído de fritura (o que chamou a atenção do Equilibrista enquanto assistia à película) ao se colocar o pão, mas o resultado era uma torrada crocante e saborosa. Nas duas primeiras tentativas, o resultado não foi muito satisfatório, mas o bardo logo aprimorou a técnica e passou a fazê-la com maestria (modéstia à parte).

Adicionado ao Grimório do Equilibrista, o Egg in the Basket já foi preparado para alguns de seus amigos, que acompanharam o preparo desta torrada, e viram-na sendo lançada ao ar para tostar o outro lado.

Nota: O fluido embrionário galináceo não fica sobre o pão, mas em uma cavidade feita no mesmo.

Marcadores: ,

Antecipando o Balanço

Com a trajetória da orbe habitada pelo Equilibrista em torno do Astro Rei quase completa, o bardo medita sobre tudo que ocorreu durante esta translação.

Muito se ganhou e muito se perdeu, e, felizmente, o saldo foi positivo, apesar das turbulências enfrentadas.

Novas amizades, retorno de antigas, fortalecimento de atuais e o término de algumas.
Uniões a novas guildas, algumas bem sucedidas, outras, nem tanto.
Vidas que desabrocharam e outras que deixam o plano material.

E uma nova paixão: cerveja de trigo!
Em uma peregrinação a um vilarejo austral, o Equilibrista se deparou com algo que definitivamente afetaria seu equilíbrio (principalmente financeiro): uma bebida de alta fermentação, turva, com um sabor residual de cravo.

Viva a Weiß!

Marcadores: