Dance como se ninguém estivesse vendo
Cante como se ninguém estivesse ouvindo
E beba como se fosse o último dia de sua vida

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Gerando movimento

Era um dia ensolarado. Algumas pessoas andavam, outras conversavam em pequenos grupos na calçada. E o Equilibrista seguia seu caminho, com passos curtos, rápidos e decididos. À sua frente estava um desses grupos, parado, conversando. O pragmático bardo já vai traçando o ajuste de sua trajetória para desviar desse obstáculo imóvel com a menor perda de tempo e gasto de energia possível. Terminados os cálculos e ajustes, quando o Equilibrista está prestes a passar, o grupo todo resolve se mover e obtrui totalmente a passagem do aventureiro - obviamente, andam com velocidade inferior à dele.

Este fato ocorre freqüentemente com o impaciente bardo, que não aprecia ter que reduzir sua velocidade e ficar atrás de retardatários.

E não era apenas em dias ensolarados. Pode estar chovendo, fazendo frio ou calor. O efeito da aproximação do Equilibrista era sempre o mesmo: fazia pessoas saírem do repouso e iniciarem um movimento curvilíneo (provavelmente, para minimizar as chances de ultrapassagem daqueles mais apressados) variado (desacelerando até parar e acelerando ao passo de quelônio com preguiça).

Essas evidências levaram à conclusão dessa habilidade especial do Equilibrista: Incitar movimento de empecilhos. No entanto, o mecanismo que provocava o movimento não foi descoberto ainda. Especula-se que o Equilibrista forneça a energia de ativação necessária para os futuros obstáculos móveis vençam o atrito estático. Outra hipótese é a de as pessoas acharem que estão apostando corrida com o pacato aventureiro que se aproxima, ou então que ele é algum inspetor público que multa pessoas paradas no meio da calçada e que dificultam o trânsito de pedestres. Pode ser, também, que essas pessoas sejam instrutores disfarçados que desejam ensinar ao Equilibrista mais paciência e tolerância.

Seja qual for o mecanismo, o Equilibrista geralmente acaba desviando ainda mais, desde que não tenha que competir por espaço com veículos automotivos.

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quinta-feira, 28 de junho de 2007

Algo pior do que lavar louça

O Equilibrista não pára para discutir relacionamento, mas vez por outra, faz uma avaliação de seus hábitos alimentares (comida de novo? ainda é a saudade...). Constatou que estava ingerindo poucas folhas cruas, principalmente as escuras, ricas em ácido fólico. Então, numa bela manhã, resolveu comprar alguns vegetais.

Com o intuito de sempre manter um certo estoque desses seres clorofilados sem abalar suas reservas, o econômico bardo optou pelas versões "não-lavadas-e-cortadas" de alface americana e rúcula (uma verde clara e outra verde escura, criando um tom-sobre-tom numa salada - suuuper original) em detrimento das prontas para consumo, tão mais práticas, mas desproporcionalmente mais caras.

Retornou ao seu reduto e viu que se aproximava a hora do repasto zenital. Então pôs-se a lavar a alface. Num episódio anterior, o inexperiente aventureiro conseguiu arruinar o trabalho de horas ao adicionar hipoclorito em excesso na água que desinfetaria as folhas (a alface ficou com gosto de água sanitária). Para não repetir o erro, descartou o uso desse composto. E lá ficou o Equilibrista a destacar, folha por folha, a passar os dedos em toda a área exposta, folha por folha, a exaguar sob água corrente em abundância, folha por folha... Quando metade do pé de alface estava lavado, o Equilibrista já estava farto de encostar em qualquer coisa verde que realizasse fotossíntese. Obviamente, enquanto lavava folha por folha, foi preparando os outros pratos. E teve para a entrada do repasto zenital, salada de alface.

Terminou de comer, de lavar a louça (atividade doméstica da qual o Equilibrista menos gostava, até então) e finalmente começou a assitir a algumas animações de origem oriental. Até que se lembrou de que havia meia alface e um maço de rúcula para serem lavados e guardados sob refrigeração. Então pôs-se a lavar a alface novamente. Terminando de desfigurar aquela esfera verde pálido, passou para a rúcula. Todo o martírio para higienizar a contra-parte clara parecia um passeio no parque perto do suplício que seria limpar aquelas folhas escuras. Certamente, 45% do maço foi descartado, pois estava murcho ou feio ou despertou alguma desconfiança no exigente bardo. A tarefa parecia mais simples, pois as folhas não ficavam todas enroladas uma sobre a outra, como na alface, mas o fato de ter que ficar escolhendo, cortando o talo, se deparando com seres vivos ainda vivos, desgastou muito mais o Equilibrista, que decidiu, naquele instante e a partir dele, jamais optar pela versão não-lavada-e-selecionada daquelas folhas verdes que combinam com discos de massa e tomates secos novamente.

O trabalho durou o período da trajetória descendente do Sol, mas, pelo menos, rendeu uma provisão de quase uma fase lunar de fibras vegetais e ácido fólico ao então-cansado bardo.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

A hora da bóia

Um aspecto da nova guilda ao qual o Equilibrista ainda não se acostumou é o limite de tempo para seu repasto zenital: apenas um ciclo do ponteiro maior do relógio! Esse tempo é muito curto para alguém que ingere os nutrientes vagarosamente; que, apesar de não contar as mordidas, mastiga bem os alimentos; que gosta de degustar ao invés de devorar; e que, na maioria dos dias, também tem preparado sua própria refeição!

A vantagem era uma comida "fresquinha", recém-tirada do fogão, mas isso consome tempo, que já é escasso. Para quem não sabia: o Equilibrista mora a 6 minutos de caminhada de sua guilda atual.

Quando resolve ingerir alimentos elaborados por terceiros e sabe que o alquimista culinário costuma ser vagaroso no preparo dos pratos, o precavido bardo comunica o estabelecimento previamente, para que, ao chegar, já tenha seu lugar pronto e o pedido, encaminhado. Nos dias em que a presteza é inprescindível, o Equilibrista recorre às calóricas refeições rápidas encharcadas de gordura vegetal hidrogenada - felizmente essa não tem sido uma prática comum.


Mas a adaptação vai bem. Mesmo queimando a língua de vez em quando e se atrasando um pouco para retornar à guilda esporadicamente, o bardo tem conseguido melhorar suas marcas em relação ao tempo de sua pausa prandial. Em alguns meses, talvez, todo esse ritual já esteja totalmente esquematizado e cronometrado (o que poderá gerar uma necessidade de quebra-de-rotina) e o intervalo entre uma garfada e outra, menor.

Trânsito entre Capitais 2: frustração

continuação de Trânsito entre Capitais

¾ do grupo havia chegado com bastante antecedência, mas como resolveram esperar o último membro para fazerem o check-in, e esse demorou um pouco, tiveram que ser remanejados para a fila expressa (ainda bem, pois o alinhamento de seres com o mesmo objetivo, mas com prioridade normal estava imensa - embora tenha adquirido esse tamanho monstruoso ao longo do período de espera...).

Despacharam as bagagens e foram avisados de que haveria atraso na decolagem (graaande novidade para aqueles dias de caos aéreo). Ainda bem, pois o Equilibrista foi barrado no detector de metais. Esvasiou os bolsos, já havia colocado o Aço Negro na bandeja, tirou o retentor de documentos e dispositivos de transações monetárias, o cabo de inserção auricular para manter as mãos livres durante interfaces auditivas, chaves... e aquela geringonça continuava apitando quando o bardo tentava passar por aquele portal. Estava quase tirando o cinto quando esticou o pé para além daquelas barras incriminadoras e o sinal tocou. O problema estava nos calçados do Equilibrista que teve que tirá-los e que felizmente trajava meias limpas.

Outro transtorno era que o vôo seria internacional, então nenhum frasco ou bisnaga contendo líquidos, pastas ou colóides poderia embarcar sem serem declarados.

Mas uma aparente vantagem surgiu: acesso ao Duty Free! E lá foi o então-consumista Equilibrista encher sua cestinha de espíritos etílicos escoceses e águas mascaradoras de odor. Então lembrou-se da restrição de líquidos a bordo a ave metálica e foi perguntar para a atendente se haveria algum problema. Esta disse que não, mas depois perguntou para onde o bardo iria. Tragédia. Como se tratava de um vôo doméstico, o Equilibrista teve que abandonar sua cestinha sem poder adquirir nenhum item... (e os preços estavam muito bons mesmo).

Antes de embarcar na ave metálica, o triste aventureiro contatou seu amigo Urso Maior e relatou o ocorrido. O "experiente" amigo disse ao bardo que deveria ter mentido sobre o destino, pois a vendedora não iria pedir a passagem para comprovar. Então o Equilibrista passou de triste para frustrado. Frustrado por ter sido honesto e ter perdido aquela pechincha. E decidiu que, na chegada em Salvador, não deixaria a oportunidade passar novamente.

continua...

terça-feira, 26 de junho de 2007

Saudade e Apetite

Neste dia dedicado ao Deus da Guerra, o Equilibrista amanheceu com saudades. Saudades de pessoas, o que é bastante raro. E isto influencia fortemente seu humor, disposição e apetite, prejudicando os primeiros e favorecendo o último. Se bem que, sendo o aumento do apetite do bardo uma conseqüência dessa saudade, esse sentimento se manifestou desde o Dia da Lua, quando, movido pela gula, sucumbiu à tentação de adquirir um pó para preparo de massas circulares adocicadas e sua respectiva cobertura de xarope maple. O resultado: catastrófico. Os discos foram bem preparados, o rendimento foi absurdamente alto (200g de pó se converteram em mais de meia dúzia de discos com diâmetro pouco inferior a ¾ de palmo), mas o sabor não agradou tanto o insaciável e curioso bardo, que, provavelmente, verá o pó cair em ostracismo em alguma prateleira de seu reduto.

Voltando ao tópico: e o pior de tudo era que essa saudade ainda iria demorar para passar...

domingo, 17 de junho de 2007

Assistência e alimentos

A nova guida do Equilibrista estava rendendo-lhe novos contatos. Certo dia, na companhia de sua colega intermitente (ora ela está na torre de controle, ora, desaparece), entrou um conhecido desta, que, no meio de muitos assuntos, mencionou que precisava de alguém com conhecimentos em interligações físico-virtuais para restabelecer sua conexão com a grande rede mundial virtual. O modesto e pouco-espalhafatoso bardo nem se manisfestou, mas sua colega, prontamente apontou para o mesmo, que nem conhece tanto assim dessas interligações, mas, devido ao desespero do visitante, resolveu, pelo menos, dar uma olhada no sistema do indivíduo. Combinaram dia e horário, mas, não pagamento - com a saída do visitante, a colega intermitente até se desculpou com o Equilibrista, pois já imaginava que o pagamento não seria feito de maneira ortodoxa, ao que o altruísta bardo respondeu que não seria problema, pois não costumava ser muito apegado a essas questões de remuneração por esse tipo de serviço.

Felizmente, a sede do requisitante de assistência não ficava longe da reduto do Equilibrista (a distância a ser transposta impõe uma grande inércia no indolente aventureiro). Chegando lá, teve que se familiarizar com o "terreno", pois nunca é fácil adivinhar, no emaranhado de fios, qual liga uma máquina na outra e no dispositivo de distribuição e no fornecimento externo de sinal. Depois de, finalmente, mapear as conexões, não teve nenhum sucesso em restabelecer o acesso à grande rede. Apelou, então, para o fornecedor da conexão (o Equilibrista tivera experiências recentes com esse mesmo fornecedor, mas isso será contado em outra ocasião), que, depois de desconfigurar toda a rede interna, conseguiu fazer UMA das máquinas acessar a rede mundial. O Equilibrista explicou a situação ao então felicíssimo dono-das-máquinas que foi muito insistente em fazer o bardo ter seu repasto zenital na sede. Depois de muito tentar declinar do convite educadamente, o prestador de serviço acabou cedendo. Então foi levado ao refeitório, mas a comida não estava pronta. O requisitante sugeriu fazerem sua refeição em uma taverna especializada em carne de mamíferos ruminantes, mas o Equilibrista conseguiu, finalmente, fazer-se entender: não queria comer àquela hora. Então, como gratidão, o dono-das-máquinas ofereceu vários produtos de sua guilda: bandejas de pastéis orientais, pães orientais com recheio suíno e uma outra variedade, parecida com o primeiro produto, mas cilíndrico e aberto (que o bardo estava curioso para experimentar); além de repastos zenitais ilimitados na sede; e transporte(!!) sempre que o aventureiro necessitasse. Claro que o bom-senso do Equilibrista jamais o deixaria aceitar essas duas últimas ofertas. Então, após agradecer todas as facilidades oferecidas, o aventureiro pegou a sacola com as iguarias e pôs-se a caminho de seu reduto.

No dia seguinte, às 7:20 da manhã, toca o dispositivo fixo de interface auditiva: a comunicação entre os terminais de negociação de sua guilda atual não conseguiam se conectar ao terminal central. Como "não" era uma resposta raramente dada pelo Equilibrista, este aprumou-se e, em menos de 15 minutos, chegou ao seu local de trabalho, extraodinariamente num dia dedicado ao Sol. Depois de muito batalhar com o terminal central, testemunhar um furto em sua própria guilda, e ouvir diversas sugestões, conseguiu restabelecer a ordem e a paz entre todos os terminais e a tranqüilidade do Responsável pela Guilda.

O sonolento e fatigado bardo aproveitou que estavam servindo o desjejum e serviu-se fartamente. Quando terminou de se alimentar e anunciou seu retorno ao lar, o Responsável pediu que o acompanhasse ao piso inferior (de exposição das mercadorias ao público) e ofereceu algumas unidades da massa alimentícia da qual o bardo tanto gostava, perguntando se havia mais alguma coisa que interessasse. O Equilibrista, que não achava esse ato de gratidão necessário, disse que era suficiente e partiu feliz por saber que havia feito uma boa ação - e, principalmente, por ter deixado o Responsável satisfeito com seus serviços.

Nessas duas rotações, o Equilibrista teve que resolver problemas de conexões em duas guildas diferentes; em ambos os casos, recebeu alimentos em troca de sua assistência, mesmo achando que não seria necessária nenhuma gratificação; e o mais importante: a satisfação daqueles que o bem-alimentado bardo pôde ajudar.
(concatenação de idéias prejudicada pela ingestão de espíritos etílicos rubros)

terça-feira, 12 de junho de 2007

Trânsito entre Capitais 1

Chovia no dia em que o Equilibrista deixaria sua cidade adotiva para passar uma fase lunar em Soterópolis. Era como se o próprio clima dissesse ao bardo: "fique, não se vá". Era o ânimo em que o Equilibrista se encontrava para viajar. Arrumou sua bagagem em um pouco mais de um par de horas (e esqueceu seu colóide polimérico para aglutinação de queratina). Lembrou-se que se esquecera de deixar uma carruagem de praça de prontidão, então, munido de sua abóboda impermeável portátil, deixou seu seco lar e esperou, debaixo de uma marquise, uma carruagem alva passar.

O bardo teve sorte, pois não precisou esperar por mais do que o tempo para preparo de massa alimentícia instantânea. Foi apenas o tempo de molhar a abóbada impermeável para que um simpático e prolixo condutor parasse sua carruagem. Rapidamente acomodou a mala do aventureiro no banco de trás e dono dela acomodou-se no da frente, deixando a abóbada ensopada no assoalho da carruagem. Apesar de não ter costume de conversar com estranhos, o Equlibrista dialogou bastante com o condutor, o que propiciou o fenômeno relativístico de contração temporal.

Chegando ao destino, o ninho das aves metálicas pressurizadas, o Equilibrista pegou o cartão do condutor, pagou-o, pegou suas bagagens e sacou o Aço Negro II para localizar seus ex-colegas de guilda; mas nem precisou completar a interface auditiva, pois logo avistou dois deles acenando discretamente.

Ainda faltava mais uma ex-colega. Enquanto esperavam, o alinhamento de seres que ansiavam pelo o embarque ia crescendo. E o horário, se aproximava; e a quantidade de seres no alinhamento aumentava. Por várias vezes foi estabelecida uma interface com a retardatária, que sempre alegava estar chegando. O trio pontual chegou a se indagar se a colega faltante não teria se dirigido para outro ninho...

Cansados de esperar fora do alinhamento, os pontuais decidiram parar de ver as pessoas passarem por eles e escolheram uma fila para entrar. Felizmente, a ex-colega pontual do Equilibrista foi averiguar qual alinhamento levaria o grupo ao seu destino e, surpreendentemente, o grupo estava na fila errada. A correta era muito menor!

O último membro do grupo finalmente chegou.
continua...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Chiste ou galanteio?

O pacato e modesto Equilibrista já havia notado a ligeira atenção que despertara entre o setor feminino de sua nova guilda. E era justamente a modéstia que não o deixava compreender por qual razão algumas delas já haviam realizado algumas investidas mais diretas.

Mas foi após sua volta da Terra do Acarajé que recebeu dois elogios tão estapafúrdios que deixaram-no na dúvida: será que elas estariam zombando dele? Muito provavelmente, não. Mas mesmo que fosse sério, o Equilibrista achou os comentários bastante espirituosos.

O primeiro: "Nossa, você tem voz de locutor". Como?! Será possível alguém que fala baixo, quase sussurando, praticamente um Sluagh, ter voz de locutor? Talvez, num mundo de fantasia, em Arcádia.

O segundo (no mesmo dia!): "Seus olhos combinam com a cor da sua camisa". Esse comentário paralisou o confuso bardo por alguns instantes. Era ridículo demais para, sequer, ser digno de um par de sinapses. Então, automaticamente, o arco-reflexo do sorriso amarelo se ativou e o Equilibrista deixou, rapidamente, o recinto, dirigindo-se à sua torre de observação.

Deve ter sido a saudade que elas sentiram durante a fase lunar em que o aventureiro esteve ausente que as deixou assim, um tanto desajeitadas com as palavras, mas o Equilibrista tinha esperanças de que esses "elogios" diminuissem e, quem sabe, cessassem.

domingo, 10 de junho de 2007

Missão em Salvador

A fase insone-compulsiva do esgotado bardo estava, finalmente, chegando a um epílogo.

Depois de noites e noites quase sem pestanejar, o Equilibrista passou uma fase lunar fora de seu território: teve licença de sua guilda atual para auxiliar na execução física do Evento Anual Nacional da entidade que provera sua parca renda durante mais de sete translações. O evento se deu na porção Setentrional-Oriental da federação, à qual o aventureiro tecnocrata tinha certas restrições, principalmente pelo excesso de sol, sal e areia. Mas, chegando à capital do maior Estado dessa região, o Equilibrista foi surpreendido pela excelente infraestrutura e pela magnifíca paisagem, e sentiu-se muito à vontade na estalagem na qual se hospedaria durante sete noites - embora uma simples garrafa contendo 300mL de água custasse o dobro de uma de 1,5L (óbvio que todas as despesas seriam pagas pela antiga guilda do Equilibrista, o que o deixou ainda mais à vontade).

Desde antes da sua chegada à cidade, o Equilibrista foi constantemente alertado da periculosidade do local: diversos casos de coações criminosas visando visitantes desavisados eram relatados. Mas isso não assustou o valente bardo, que, com suas feições fingindo fúria e trajando vestimentas pouco chamativas e escondendo divisas em pequenas porções em diversos bolsos, caminhou, muitas vezes sozinho, nas praias e ruas, sem chegar a ser, sequer, abordado pelos nativos.

Mas, antes do lazer, havia a obrigação e, nos quatro primeiros dias em que viu o sol nascer por trás do mar, o Equilibrista teve de exercer, pela última vez, sua atividade em sedes provisórias de sua ex-guilda.